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''2020 será mais sereno'', prevê o ministro Luiz Eduardo Ramos

Por vezes visto como um Poder sem articulação, o Palácio do Planalto faz boa avaliação do ano. ;Ah, não tem articulação, dizem alguns. Imagina se tivesse. Passamos a reforma da Previdência, a MP da Liberdade Econômica e o pacote anticrime ; ainda que um pouco alterado. Se há uma insatisfação é com a nova maneira de fazer articulação, franca, direta, baseada em critérios e princípios que os caras estão achando estranho;, defende o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Ele destaca que a própria experiência de Bolsonaro nos 28 anos como deputado federal dita a diretriz do relacionamento que o Executivo espera ter com o Legislativo.

O objetivo do governo, explica Ramos, é ter respeito com os parlamentares e não custodiar o Congresso. Para ele, tudo se trata de um processo de ajustes. ;Agora, o Parlamento quer ser tutelado? Quer que o governo tutele o Congresso? Creio que não. O presidente envia um projeto de lei e, como ocorreu várias vezes, a exemplo do pacote anticrime, mexeram, mas foi aprovado. Isso é democracia;, justifica. O articulador político do governo faz um balanço de que todos ainda estão se adaptando ao novo relacionamento. ;O presidente é direto, impulsivo, mas conhece o Parlamento. Aí falam: o governo não diz o que quer. Diz sim. Creio que está havendo adaptação, é um movimento novo. Por isso, acredito que, em 2020, teremos muito menos embates;, analisa.

Fio da navalha

Mesmo com críticas sobre a o trato com o Parlamento, Ramos enaltece ter feito 567 atendimentos para discutir a acomodação de apadrinhados políticos, dos quais quase 400 políticos conseguiram nomear pessoas dentro do crivo de critérios estabelecidos pelo governo. O presidente sabe que há espaço para a interlocução com o Parlamento melhorar, mas a meta é andar no fio da navalha, sem fisiologismos. ;Eu vou dar um exemplo. O cara quer um cargo muito valorizado. Chega e pede esse cargo técnico, que está comigo desde fevereiro, executando um bom trabalho. Vamos exonerar para botar um cara que um deputado ou senador quer? Temos procurado ter um meio termo. Muita nomeação ocorreu. Agora, há alguns cargos que, realmente, são muito técnicos para se desfazer;, explica.

As próprias mudanças feitas ao longo do ano também dentro do Executivo dizem respeito às adaptações elencadas por Ramos. ;Esse primeiro ano foi, não digo atabalhoado, mas tivemos a crise do PSL, a demissão do (Gustavo) Bebianno (da chefia da Secretaria-Geral), do Santos Cruz (do comando da Secretaria de Governo), um relacionamento conflituoso no início do presidente com o Congresso, a substituição da Joice (Hasselmann da liderança do governo no Congresso) e, apesar do Vitor Hugo (líder do governo na Câmara) ter feito o trabalho dele, houve alguns percalços. Mesmo com tudo isso, minha análise é muito positiva. Por isso, acredito que 2020 será um ano mais sereno;, destaca.