Politica

Em defesa da neutralidade

Correio Braziliense
postado em 04/01/2020 04:03
Nelsinho Trad lembrou que o Brasil é um país pacífico: %u201CÉ melhor a gente não se envolver%u201D

A pressão pela neutralidade não virá apenas de núcleos do próprio governo, mas, também, de aliados no Congresso. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), sugeriu que o Brasil se mantenha em cima do muro em relação ao conflito. O senador lembrou que, historicamente, o país é considerado pacífico. “E, assim, deve continuar. Há uma celeuma estabelecida entre Irã e Estados Unidos. O Brasil tem de pesar e torcer para que isso seja exaurido no mais curto espaço de tempo”, defendeu. “Além disso, em um conflito vindouro, poderá sobrar para países aliados de um ou de outro, e acho que o Brasil não deve se envolver ou tecer comentários”, recomendou.

O parlamentar analisa, ainda, que o Brasil não tem “tamanho” para entrar na briga. “Temos de observar e torcer por um entendimento e para a paz”, opinou. “Uma guerra não é boa para nenhum dos lados. Se algo assim vier a acontecer, teremos de observar as consequências nas relações comerciais que temos e que serão afetadas”, ressaltou. “O preço do barril de petróleo, por exemplo,  já disparou. Não devemos entrar no pormenor de quem fez o que. É melhor a gente não se envolver”, insistiu.

A tomada de posição de um lado pode trazer consequências negativas para o Brasil, sobretudo se mantiver uma política de alinhamento incondicional aos Estados Unidos, alertou o professor Juliano da Silva Cortinhas, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). “Sempre que eles entram em confronto, voltam suas atenções para o problema e nos esquecem. Se acontece em um momento de alinhamento automático, nosso aliado principal deixa de nos dar atenção”, destacou. “Mas, se nossa política internacional for pragmática, pode ser um momento estratégico para viabilizar novas possibilidades”, sustentou. (RC, LC e IS)

Heleno: “Vamos observar”
O general Augusto Heleno, minis
tro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse ao Correio que conversou com o presidente Jair Bolsonaro sobre a crise entre os Estados Unidos e o Irã. Ele afirmou que considera “delicada” a situação e destaca que o momento é o de aguardar: “Não é uma situação em que possamos estabelecer com antecedência tudo o que vai acontecer. Por isso que digo: vamos olhar. Mais do que falar, opinar. Vamos olhar, vamos prestar atenção”. O ministro afirmou que os acontecimentos ainda estão “muito no início”. “O presidente e eu conversamos muito. Sou segurança internacional, não tenho pretensão de ser conselheiro, mas converso com ele, e a gente discute. Por enquanto, a ideia é a gente ficar observando. Acabei de receber um documento, vou estudar para conversar com ele e, por enquanto, a ideia é a gente ficar observando.”

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