Politica

Possibilidade de intervenção

Correio Braziliense
postado em 04/01/2020 04:04

Por mais que o presidente Jair Bolsonaro diga o contrário, a probabilidade de ele não intervir na política de reajuste da Petrobras é baixa, a depender do tempo de duração da crise entre Estados Unidos e Irã. E esse é um cenário provável na avaliação do economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional. Para ele, o envio de tropas americanas para o Oriente Médio reforça uma escalada da tensão. “É uma ação que você sabe onde começa, mas não sabe onde termina. Se eu tivesse que adivinhar, o presidente vai intervir caso as tensões explodam, e o petróleo suba abruptamente. Não há dúvida disso”, analisou.

O especialista considera, também, que a Petrobras ainda não tem completa autonomia para repassar o preço. “Principalmente para o diesel, que é o que realmente pesa mais. O que pode acontecer é ela repassar plenamente ou até mais do que plenamente para a gasolina, e fazer um subsídio cruzado para o diesel”, ponderou.

Já o coordenador-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão, apontou para outros desafios. O cenário projetado por ele sugere um ambiente complexo, com pressões exercidas por importadores e caminhoneiros, caso o preço do barril de petróleo continue subindo. “Os importadores vão pressionar por reajuste rápido. Os caminhoneiros vão pressionar para que não suba. A Petrobras ficará no meio do caminho, mas a tendência é de que optem pelo reajuste, resultando em uma queda de braço. A primeira coisa a ser feita é manter a calma”, destacou.

O governo, contudo, não prevê uma escalada da alta do preço do petróleo. “Há poucas semanas (em setembro), tivemos um ataque de drones a refinarias na Arábia Saudita e houve um pequeno aumento do petróleo. Conversei com o Castello Branco e ele acha que esse pico de reajuste, agora (ontem), de aumento vai ser semelhante ao ocorrido no ataque dos drones. Ele acha que um pouco disso vai se acomodar”, justificou, numa referência ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. (RC e IS)

“É uma ação que você sabe onde começa, mas não sabe onde termina. Se eu tivesse que adivinhar, o presidente vai intervir caso as tensões explodam, e o petróleo suba abruptamente”

Cláudio Frischtak, economista

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