Correio Braziliense
postado em 04/01/2020 04:04
O ataque dos Estados Unidos em Bagdá que matou o general iraniano Qasem Soleimani pode ter sepultado as chances de mais um corte na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central neste ano. A alta do dólar e a disparada dos preços do petróleo podem aumentar as pressões inflacionárias no mercado doméstico, tornando inviável a continuidade da política de redução dos juros.
O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, considera que uma das implicações de médio e curto prazos dessa nova turbulência internacional, além do aumento do preço do barril de petróleo, é a fuga do capital estrangeiro para mercados com liquidez, ou seja, uma debandada dos países emergentes, como o Brasil. “Isso, como consequência, implica em dólar mais alto e acarreta pressões inflacionárias difusas que enterram de vez a possibilidade do Copom (Comitê de Política Monetária) cortar mais uma vez a Selic. Além disso, há certa preocupação em como o governo brasileiro vai reagir”, alertou.
O ex-diretor do BC e chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, demonstra a mesma preocupação. “Acredito que há espaço para a Selic cair, mas parece que agora ele está limitado”, afirmou,
Algumas projeções do mercado apostavam em pelo menos um corte na Selic neste ano e, os mais otimistas, ainda achavam que ela poderia cair para 4% neste ano. Atualmente, a taxa básica de juros está em 4,5% ao ano, o menor patamar da história.
Para a economista-chefe da Rosenberg Associados Thais Zara, ainda é cedo para apostar em uma paralisação dos cortes na Selic. “Vamos ver o que acontece. O câmbio está em um patamar em pouco elevado, mas, no ano passado, os ataques de drones na maior refinaria de petróleo na Arábia Saudita (em setembro) tiveram um impacto momentâneo nos preços, que, depois, arrefeceu”, destacou. Pelas estimativas da analista, o Copom ainda deve reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual, na primeira reunião do ano, para 4,25%.
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