Politica

Novas coligações ou cabeça de chapa

Correio Braziliense
postado em 06/01/2020 04:12
O governador do Maranhão, Flávio Dino, e o apresentador Luciano Huck: encontro na semana passada, no Rio de Janeiro, desagradou o PT


Outros partidos buscam protagonismo e não descartam lançar candidaturas próprias para as próximas eleições presidenciais. O DEM quer fortalecer o nome da legenda no pleito de outubro, e tentar controlar prefeituras de cidades grandes e capitais para se capitalizar eleitoralmente para 2022. “Queremos independência e autonomia e não sermos meros coadjuvantes, mas protagonistas do processo eleitoral”, afirma o deputado federal Efraim Filho (DEM-PB).

“O partido tem experimentado sua melhor fase de crescimento dos últimos anos. Chegamos a 2020 com envergadura política bastante fortalecida. Afinal, hoje contamos com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado (AP), Davi Alcolumbre. Além disso, temos prefeitos em capitais, como o ACM Neto, em Salvador (BA); e fizemos as filiações de Gean Loureiro, em Florianópolis (SC); e de Rafael Greca, em Curitiba (PR). A pretensão é aumentar o número de capitais em 2020. Para nós, isso é visto como um degrau para as eleições presidenciais”, detalha.

Apesar de não haver nenhuma sinalização concreta por parte dos políticos filiados à sigla, Filho acredita que a escolha do eventual presidenciável do DEM ficaria entre Maia, ACM Neto e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. “Tudo vai depender da conjuntura futura. Mas é certo que esses nomes fizeram o DEM ficar extremamente fortalecido e reconhecido na opinião pública”, frisa.  

A construção de alianças, no entanto, não está descartada e é algo considerado “natural”. O parlamentar disse que as parcerias podem ser feitas com partidos de centro-direita, como o PSDB e o PL, ou de esquerda mais moderada, como o PSB e o PDT, ao qual é filiado o ex-candidato ao Planalto em 2018, Ciro Gomes. “São possibilidades remotas e ainda é cedo para cravar. Entretanto, o que é certo é que queremos priorizar os nomes internos”, diz o deputado.
 
 
Ex-aliado
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), também está no páreo e poderá enfrentar o ex-aliado — e agora inimigo — nas urnas, caso Jair Bolsonaro confirme sua candidatura à reeleição. O governador, que está no PSC, trabalha para a fusão da legenda com o PSL, partido pelo qual o presidente se elegeu. Com isso, Witzel teria mais tempo de TV e acesso aos recursos do fundo partidário. 

O governador rompeu com a família Bolsonaro no ano passado depois da notícia, divulgada pelo Jornal Nacional, de que o nome do presidente foi mencionado por um porteiro do condomínio onde ele morava, no Rio, durante as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, e acabou antagonizando fortemente com  o senador Flávio Bolsonaro (PLS-RJ), antigo parceiro de palanque. 

O problema é que Witzel tem dificuldades para bater de frente com o chefe do Executivo federal, já que o Rio enfrenta uma de suas piores crises fiscais e está inserido no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal. O estado pretende renovar a ajuda da União em setembro por mais três anos. Mesmo assim, o governador tem acusado Bolsonaro de ser muito ideológico.  

Embora Witzel dispute com Bolsonaro a base eleitoral da segurança pública, seu governo enfrenta o desgaste de ter o número recorde de mortes provocadas pela polícia, considerada uma das mais corruptas e violentas do país.  
 
Outras liderança 
Em meio às negociações políticas, na semana, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), se encontrou com o apresentador de TV e presidenciável Luciano Huck, no Rio de Janeiro. A reunião não foi bem-vista por parte do PT, e o vice-presidente nacional da legenda, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), usou as redes sociais para dizer que, “com Lula ou com Haddad, Flávio Dino estará na nossa chapa nas próximas eleições presidenciais”.

 No entanto, isso não está concretizado. Nem a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), nem integrantes do PC do B confirmam uma eventual coalizão. “A lembrança, obviamente, é honrosa. Mas não traduz acerto ou tratativa real para o Dino ocupar uma chapa ou outra, até porque o seu nome também é cogitado para ser cabeça de chapa. O debate iniciado sobre ele ser vice do Huck, do Haddad ou do Lula é próprio deste momento especulatório”, comenta o deputado Márcio Jerry (PC do B-MA).

 De acordo com o parlamentar, há uma vontade do partido, mesmo que ainda não proclamada publicamente, de ajudar na composição de uma frente ampla no Brasil, em defesa da democracia, para enfrentar o “conservadorismo” e ser capaz de criar um ambiente político forte para vencer eleições de 2022. 

 “O Dino tem sido um dos porta-vozes dessa tese. Talvez por isso ele tenha assumido um papel de importância na cena da política nacional. É natural que se especule o seu nome e, para nós, é motivo de orgulho. Mas não podemos colocar o carro na frente dos bois. O debate em torno do nome é a última etapa do processo da articulação política”, destaca Jerry.


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