Correio Braziliense
postado em 09/01/2020 07:20
Relatório de auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) mostra que 310 famÃlias com servidores do governo do Distrito Federal em seus núcleos receberam indevidamente o BenefÃcio de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. O caso mais emblemático de concessão do BPC considerada indevida é o de uma famÃlia com renda de R$ 24 mil por pessoa. O valor da renda mensal per capita informada pela mesma famÃlia ao Cadastro Único - instrumento de identificação socioeconômica da população de baixa renda - era de R$ 100. O cadastro é autodeclaratório.
"Verifica-se, portanto, indicativo de pagamento de benefÃcios indevidos a famÃlias que não atendem os critérios de renda estabelecidos pela legislação do BPC", destaca o relatório de auditoria, publicado em dezembro. A análise apontou que a concessão indevida à s 310 famÃlias consumiu R$ R$ 3,7 milhões do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
O BPC é concedido a pessoas com deficiência e a idosos com mais de 65 anos que comprovam não ter meios de conseguir o próprio sustento ou de tê-lo garantido pela famÃlia. Têm direito ao benefÃcio de um salário mÃnimo (hoje, R$ 1.039) aqueles que vivem com renda mensal por pessoa inferior a 1/4 do salário mÃnimo - R$ 259,75.
As irregularidades foram apontadas a partir do cruzamento de dados de beneficiários com os da folha de servidores, o que permitiu recalcular as rendas por pessoa das famÃlias. A auditoria também constatou que em 154 dos 310 casos, o valor da renda por pessoa informada ao Cadastro Único já era maior que o limite legal estabelecido. E em 53 o servidor era o próprio beneficiário.
A auditoria apontou três razões principais para os pagamentos indevidos: ausência de atualização do Cadastro Único por parte dos beneficiários quando um membro da famÃlia foi admitido no governo do Distrito Federal; omissão de declaração de renda no ato da inscrição; ou fragilidade dos controles do INSS, uma vez que existem beneficiários com renda informada ao Cadastro Único superior ao limite para o BPC.
Bolsa FamÃlia
Outra auditoria da CGU já tinha identificado que 248 servidores do GDF com rendimentos de até R$ 27 mil receberam recursos do Bolsa FamÃlia no ano passado. O valor máximo previsto para cadastro no CadÚnico é de R$ 499.
O órgão concluiu o estudo afirmando que as "situações identificadas demonstram oportunidades de melhoria na gestão descentralizada por parte do GDF, naquilo que diz respeito à identificação, ao cadastramento, à atualização e à revisão dos dados" do programa.
O Ministério da Cidadania afirmou, em nota, trabalhar "em parceria com a CGU para melhorar a gestão de programas e benefÃcios, como o BPC, e realiza, regularmente, batimentos com bases de dados do governo federal para identificar possÃveis irregularidades na concessão do benefÃcio". "Os casos citados no relatório serão verificados e, havendo comprovação de recebimento indevido, serão cessados. Apenas em 2019, o Ministério encaminhou ao INSS mais de 320 mil casos com suspeita de irregularidade para apuração", diz a nota.
A Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal afirmou, também por meio de nota, que conhece as conclusões da CGU desde fevereiro passado e, desde então, "adota medidas para apurar os fatos". "A principal informação é que, desde a suspeita, os benefÃcios em questão já foram suspensos". Também destacou ser rotina na secretaria "averiguações em todos os registros cadastrais com indÃcios de irregularidades, com redobrada atenção à s composições chefiadas ou que contenham servidores públicos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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