Politica

"Concursos selecionam pessoas de esquerda"

Correio Braziliense
postado em 13/01/2020 04:33
Weintraub, que teve vídeo compartilhado por Bolsonaro, vê estratégia de

O presidente Jair Bolsonaro postou ontem, nas redes sociais, vídeo em que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirma que os concursos públicos são praticamente talhados para selecionar somente candidatos de esquerda. Na avaliação, ele inclui o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, subordinado à sua pasta. Weintraub, no vídeo, diz que a estratégia, que ele chama de “doutrinação e mentiras”, foi usada não apenas nos 16 anos dos governos do PT. Teria começado “de uma forma suave e gradual” desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1991-2002). “A gente está falando de mais de um quarto de século”, disse.

Como exemplo, o ministro cita o certame para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “Entre na internet e veja o concurso público da Abin. Se você ver (sic), tem praticamente nada de matemática. E está falando de governo estadunidense. Então você já seleciona pessoas com viés de esquerda, como é o Enem”, afirmou. Weintraub, que tem sido criticado por postar mensagens com erros de português, reitera que “é importante que seja dito como são esses concursos públicos”. Servidores públicos de carreiras de Estado, cuja maioria votou em Jair Bolsonaro, demonstraram perplexidade.

Reações


“É uma das maiores bobagens que já ouvi. Pelo contrário. A grande crítica aos governos do PT foi justamente por não ter mudado as formas de contratação, privilegiando linhas ortodoxas de pensamento”, destacou Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate). Para Edivandir Paiva, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), o concurso “é ainda uma das coisas mais transparentes no país”.

A seleção da PF, lembrou Paiva, tem várias fases, e em todas são exigidos conhecimentos técnicos. “Essa deve ser uma versão particular dele (ministro Weintraub). Não há manifestações de direita ou de esquerda nas provas para delegados da PF. Não consigo imaginar nada que possa ser identificado como seleção político-partidária. Defendo o concurso porque é impessoal e o candidato não depende de indicação ou de padrinhos”, destacou Paiva.

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