Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 07:11
Mais recente partido a receber registro eleitoral, o Unidade Popular (UP) se define como "socialista" e faz crÃticas a governos do PT. Segundo Leonardo Péricles Roque, presidente nacional da sigla, quando chegou ao poder, o PT aumentou juros, provocou desemprego e se desligou das bases. Ao jornal O Estado de S. Paulo, Roque disse que conseguiu coletar as assinaturas para a criação do UP ao participar de discussões em porta de fábricas, favelas e praças públicas.
Por que criar um partido e não se juntar a um já existente?
Nos últimos anos, vários setores de esquerda tomaram um caminho de evitar embates históricos que, na nossa opinião, são necessários. E a principal crÃtica é o que a gente chama de conciliação de classes, que é propor conciliar interesses dos trabalhadores, do povo pobre, com os interesses dos bilionários, da classe dominante.
O que o UP defende?
A gente considera que é necessário romper o legado de um paÃs dependente de exportação, de commodities, que vem destruindo a indústria. Mesmo governos à esquerda implementaram polÃtica neoliberal.
Como enxerga a esquerda brasileira e o papel do PT?
Em relação ao ex-presidente Lula, inegavelmente é um nome da esquerda que tem força no PaÃs. O governo dele fez uma polÃtica desenvolvimentista, as commodities estavam em um boom internacional, então não tinha crise. Nesse perÃodo é importante lembrar que o governo dele atendeu a interesses populares, dos trabalhadores, teve algumas medidas compensatórias, mas também atacou direitos. Principalmente a partir do governo Dilma (Rousseff) se iniciou uma polÃtica repressiva, aumento de juros, corte de investimentos, o desemprego começou a crescer. Mas a gente condena a perseguição que aconteceu para tirar o ex-presidente Lula da disputa em 2018.
Há algum trabalho para atingir setores como o dos evangélicos?
É mentira esse discurso de que todos os evangélicos são de direita. Pelo contrário, tem um setor importante na esquerda. Esse é um trabalho que a gente já faz. Uma parcela significativa (da população) é religiosa e sofre com o desemprego e a falta de polÃticas públicas.
Qual avaliação o sr. faz do governo Jair Bolsonaro?
É um governo de caos. Foi uma eleição não legÃtima, não só porque retiraram o ex-presidente Lula da jogada, mas pelos disparos de mensagens contratados que ainda não foram investigados da forma devida.
Como foi o processo de formação do partido?
Somos um dos frutos à esquerda das jornadas de junho de 2013. Não consideramos que as jornadas de junho foram um golpe da direita. Foi uma manifestação popular espontânea, a partir dos grandes problemas que o Brasil já vinha vivendo junto com efeitos mais profundos da crise econômica. Naquele processo, uma das questões de fundo foi a representação polÃtica. Depois de uma tentativa frustrada, em outubro de 2016 iniciamos o trabalho de coleta de assinaturas. Fomos à s praças, vilas, favelas, ocupações, inclusive contrariando muita gente do campo polÃtico que vem falando que esse negócio de ir para porta de fábrica, de fazer panfletagem e ir de casa em casa são coisas do século passado.
E deu certo?
Nós achamos exatamente que esse é um dos grandes erros que a esquerda cometeu nos últimos anos, que é não fazer o chamado trabalho de base. E fizemos isso inclusive falando de coisas como socialismo, luta de classes, de movimento popular, da necessidade de fazer greve, de lutar, era esse o nosso discurso.
Qual é a principal base do partido Unidade Popular?
Os sem-teto são uma base importante que nós temos no partido que não têm representação polÃtica. Também a juventude. Essas são as duas representações mais fortes que nós temos, além do movimento de mulheres e do movimento sindical. E, dentro disso, o trabalho do ponto de vista racial também está bastante presente na nossa construção.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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