Politica

Governos se previnem contra onda de fugas

Correio Braziliense
postado em 22/01/2020 04:15
Marcola (de azul) fez exames, no Hospital de Brase, sob forte escolta


A fuga de 102 detentos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), em Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, e no Acre, levou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a estudar o reforço do policiamento nos presídios federais que abrigam células da facção, a fim de evitar um efeito cascata de escapadas. Nos bastidores, a preocupação existe porque consideram o grupo criminoso “uma organização poderosa e muito perigosa” e que “não dá para brincar com esse pessoal”, conforme alertou um técnico do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que não quis se identificar.

O processo de reforço da segurança tem o respaldo do ministro Sergio Moro. Desde a primeira das fugas, domingo, ele já havia sinalizado a “disposição” do governo brasileiro de “ajudar o Paraguai na recaptura desses criminosos”. “Estamos trabalhando com as forças estaduais para impedir a reentrada no Brasil dos criminosos que fugiram de prisão do Paraguai. Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para o presídio federal”, frisou.

Em paralelo, governos estaduais agem por conta própria, principalmente para se prevenir contra a aparição dos criminosos que escaparam da penitenciária paraguaia e do presídio Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco. Até ontem, 91 fugitivos ainda não haviam sido recapturados. No Acre, por exemplo, 250 novos policiais militares foram efetivados e a Secretaria de Justiça e Segurança Pública local alertou a todos os PMs de folga sobre a possibilidade de serem convocados para aumentar o efetivo nas ruas.

O Executivo acreano terá apoio da Polícia Rodoviária Federal e do Exército para evitar possíveis fugas para outros estados ou países da América do Sul. Serão montadas novas barreiras ao longo das rodovias que ligam o Acre à Bolívia e ao Peru. Também será instalado um bloqueio na região da balsa sobre o rio Madeira, que fica na divisa do estado com Rondônia, e haverá reforço policial em municípios do Amazonas fronteiriços ao Acre, como Boca do Acre e Guajará.

O governo de Gladson Camelli ainda pediu ao Poder Judiciário local celeridade para analisar e emitir de mandados de prisão de bandidos de alta periculosidade. O Acre também formalizou um pedido à União para a atuação de forças federais de segurança no estado. Além disso, nos próximos dias, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública prometeu inspecionar presídios e unidades socioeducativas para identificar locais vulneráveis à possibilidade de novas escapadas.

“O sistema de segurança está preparado para combater o crime e o governo do estado vai dar o apoio necessário para que a ordem seja mantida e que todos se sintam seguros”, disse, em entrevista coletiva, o secretário da Casa Civil do Acre, Ribamar Trindade. “As forças de segurança estão nas ruas para resguardar a segurança da população e prevenir ações criminosas”, acrescentou o secretário de Justiça e Segurança Pública em exercício no estado, Ricardo Brandão.

A mobilização por reforço no policiamento chegou a mais estados brasileiros. Em São Paulo, 13 mil policiais militares e 6 mil viaturas foram colocados nas ruas para reforçar a segurança nas divisas do estado e nas rodovias que cruzam a unidade da Federação. De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Militar paulista, ainda haverá a participação de equipes do policiamento rodoviário, da radiopatrulha, da Força Tática, do policiamento de Choque e dos Batalhões de Ações Especiais de Polícia (BAEP), além do uso de helicópteros Águia, de cães farejadores e de drones para monitoramento.

No Sul, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná determinou às polícias Militar e Civil o bloqueio das entradas no estado, nas faixas de fronteiras terrestre e aquática com o Paraguai. De acordo com o governo paranaense, o reforço incluirá patrulhamento aéreo e utilização de embarcações, viaturas, motocicletas e cães.

Saúde
O chefe do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, passou por exames no Hospital de Base do Distrito Federal, ontem. Ele chegou à unidade de helicóptero e sob forte esquema de segurança.

A Penitenciária Federal de Brasília informou que Marcola foi levado para fazer exames de rotina. “Horário, período de férias escolares e deslocamento aéreo foram escolhidos para causar o menor constrangimento possível para a população. Não houve congestionamentos e alterações significativas na rotina da região. Por sigilo médico, não informamos o procedimento realizado”, in formou a nota sobre a saúde do bandido, cuja pena que ultrapassa 300 anos de prisão.


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