Politica

Apoio por assento na ONU

Correio Braziliense
postado em 24/01/2020 04:40
Bolsonaro pouco antes da viagem: Brasil deve fechar ao menos 10 acordos
 
Nova Delhi — A expectativa dos organizadores da visita do presidente Jair Bolsonaro à Índia, a primeira de Estado de um mandatário brasileiro ao país asiático desde 2004, é de assinarem de 10 a 12 acordos que estão sendo costurados pelos técnicos das duas nações.

Um dos anúncios, conforme a secretária para o Ocidente do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Vijay Thakur Singh, será o apoio indiano para a candidatura do Brasil a um assento não permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). “Estamos trabalhando em conjunto sobre como avançar na agenda das Nações Unidas e, neste ano, o Brasil tem o nosso apoio como candidato para 2022-2023 a membro não permanente do Conselho de Segurança”, ressaltou.

O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, sendo cinco permanentes, com poder de veto. São eles, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Nos governos petistas, o Brasil tentou, sem sucesso, tornar-se membro permanente. E não tem demonstrado o mesmo empenho atualmente para essa candidatura. Contudo, fontes do Itamaraty informam que o país não desistiu do pleito.

Brasil e Índia são membros do G4, aliança firmada em 2005 com Alemanha e Japão, tendo como objetivo apoiar as propostas uns dos outros para ingressar em lugares permanentes. A campanha para obter um assento rotativo no grupo começa dois anos antes. E, para garantir uma vaga, é preciso ter apoio dos países vizinhos da América Latina e de dois terços dos votos dos países-membros da ONU. A próxima eleição ocorrerá em 2021 para o biênio 2022-2023. A última vez que o Brasil ocupou essa cadeira foi no biênio 2010-2011, mas a atual candidatura não é um mérito deste governo, porque ela foi costurada durante a gestão do presidente Michel Temer. Com isso, o país antecipou o seu retorno para o colegiado em mais de 10 anos.

A secretária informou que os investimentos da Índia no Brasil somam US$ 6 bilhões, enquanto os brasileiros em território indiano são de US$ 1 bilhão. “Os dois países possuem complementaridades e sinergias que podem ser ampliadas. Acreditamos que o potencial de investimentos é muito maior”, destacou.

Vijay Thakur Singh informou que vários acordos estão sendo costurados em diferentes áreas, mas uma em que a Índia tem mais interesse de aumentar a parceria é na de energia. “O Brasil é um país rico em recursos naturais e líder na produção de etanol. Vamos buscar ampliar a colaboração nos setores de óleo e gás e no programa de energia renovável”, explicou. “O programa brasileiro traz a possibilidade de misturar etanol com gasolina, e pretendemos fazer um intercâmbio dessa tecnologia.”

Roteiro
Os compromissos oficiais de Bolsonaro estão previstos para amanhã, incluindo visita ao Memorial Mahatma Gandhi e uma declaração conjunta com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, na Hyderabad House, local em que o governo recebe autoridades estrangeiras e realiza banquetes.

No domingo, Bolsonaro participa das celebrações do Dia da República indiana como convidado de honra e, na segunda-feira, de um seminário empresarial Brasil-Índia. À tarde, pegará um voo para Agra, onde fará uma visita ao palácio Taj Mahal, um dos principais cartões-postais do país.

Agricultura
O setor agrícola também deve ter destaque na visita do presidente. A ministra Tereza Cristina está com a agenda cheia. Na quarta-feira, se encontrou com a ministra de Indústria e Processamento de Alimentos da Índia, Harsimrat Kaur Badal, e com o ministro de Pesca, Pecuária e Lácteos, Giriraj Singh. O tema foram as oportunidades de investimentos de empresas brasileiras no setor de processamento de alimentos do país asiático.

Os indianos buscam recursos externos para cadeias de frios e redes de varejo, máquinas e equipamentos para indústria de alimentos, além de cooperação tecnológica. Já o Brasil demonstrou interesse em ampliar a participação no setor de carne de frango, e a Índia, em sucos concentrados, informou a assessoria do ministério brasileiro. Ontem, a ministra participou de encontro bilateral sobre oportunidades nas áreas de energia e de mineração.

Comitiva
De acordo com a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, integram a comitiva de Bolsonaro seis ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Também viajaram o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães; o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais da pasta, Marcos Troyjo, e  parlamentares, incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro.


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