Correio Braziliense
postado em 24/01/2020 04:41
Sinalizando que dirá “sim” a um casamento com o governo, Regina Duarte deixou Brasília, ontem, com a garantia de que terá liberdade total no comando da Secretaria Especial de Cultura para indicar subordinados. Ela convidou a pastora evangélica Jane Silva, atual secretária da Diversidade Cultural, para assumir interinamente o posto de secretária-adjunta do órgão. Na prática, a religiosa responderá pela pasta enquanto a atriz não se decidir, o que só deve ocorrer após a viagem do presidente Jair Bolsonaro à Índia.
Jane Silva trabalhou como diretora de agência de turismo e viagens; é presidente vitalícia da Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios; foi fundadora e presidente da Comunidade Internacional Brasil & Israel, empresária do humorista Dedé Santana e da apresentadora Mara Maravilha; e presidente da Internacional Christian Embassy Jerusalém no Estado de Minas Gerais.
Caso aceite o convite, Regina Duarte deve cortar os indicados de primeiro escalão do ex-comandante da secretaria Roberto Alvim. Ele perdeu o cargo após plagiar o ministro nazista da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, além de usar trechos de um discurso do alemão em um vídeo institucional do governo federal. Foi Alvim também quem nomeou, para a presidência da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento, que criou polêmica ao criticar movimentos negros e ao dizer que a escravidão foi benéfica para os descendentes — a nomeação dele foi suspensa pela Justiça.
A expectativa é de que deixem os cargos Dante Montalvani, da Fundação Nacional de Artes (Funarte) — ele criou, publicamente, uma estranha correlação entre rock, drogas, aborto e satanismo —, e o presidente da Biblioteca Nacional, Rafael Nogueira, que afirmou que letras de compositores como Caetano veloso e Renato Russo provocam analfabetismo.
Bolsonaro comentou, ontem, a expectativa pelo sim da atriz. “No dia de ontem (quarta-feira), tive com a Regina Duarte mais uma vez. Um encontro muito amistoso, bastante proveitoso. Ela está propensa a ser a nossa secretária da Cultura. Nós mostramos para ela o gigantismo que é a Cultura. Parece que é uma coisa assim, mas não. Ela tem o equivalente a 13 subsecretarias abaixo dela, com centenas de pessoas”, contou o presidente, num vídeo gravado antes do embarque para a Índia e veiculado em rede social no lugar da tradicional live das quintas-feiras. “Agora, ela está muito bem-disposta, está com gás, com vontade e quer colaborar. Se Deus quiser, vai dar tudo certo. E, obviamente, ela, como uma pessoa equilibrada, vivida, responsável, está tomando conta do que está acontecendo, do que é a Cultura para poder aceitar ou não. Pelo que tudo indica, ela aceitará.” O chefe do Executivo ainda emendou: “Regina Duarte, se vier, muito bem-vinda. Ninguém melhor do que você para bem desempenhar essa função”.
“Nós mostramos para ela o gigantismo que é a Cultura. Ela tem o equivalente a 13 subsecretarias abaixo dela, com centenas de pessoas”
Jair Bolsonaro, presidente da República
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