Rosana Hessel - Enviada Especial
postado em 26/01/2020 08:04

O primeiro desfile foi organizado em 1950 e as comemorações costumam ocorrer durante três dias. O evento é organizado pelo ministério da Defesa indiano. Cerca de 10 mil policiais fizeram a segurança do evento, bloqueando várias ruas próximas à região perto da Rajpath, avenida do desfile que terminava no Portão da ;ndia, um dos cartões postais da capital indiana.
O convite a Bolsonaro para ele ser o chefe de honra da parada foi feito pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, quando ele esteve em Brasília em novembro passado para participar da cúpula dos Brics, grupo de nações emergentes também integrado por Rússia, China e África do Sul. Durante o desfile, o presidente acabou sendo flagrado pelas câmeras indianas dando um leve cochilo.
O chefe do Executivo é o terceiro presidente brasileiro a receber essa homenagem desde 2004. Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso também participaram dessas festividades como convidados de honra.
Protestos
A presença do presidente brasileiro, no entanto, foi alvo de protestos de parlamentares indianos como Raija Sabha e Binoy Viswan, que anunciaram boicote às festividades. Contudo, o protesto foi considerado ;irrelevante e insignificante; pelo porta-voz do partido de Modi, o BJP, Narasimha Rao, conforme publicou o jornal Hindustan Times, que tinha fotos do premier e de Bolsonaro na capa da edição de hoje.
Outro protesto foi organizado pela Tribal Army, maior organização tribal indiana, que também se posicionou contra a presença de Bolsonaro no país e, inclusive, criou a hashtag ;gobackbolsonaro;, que está entre os principais assuntos da rede social Twitter na Índia.
Cansaço e armas
Ao retornar ao hotel onde está hospedado Bolsonaro admitiu que estava cansado devido ao jet lag. "Foi cansativo, por conta do fuso;, disse ele aos jornalistas. Em relação ao poderio bélico da Índia, ele reconheceu que ele é bem maior do que o do Brasil por conta de o país asiático ter armas nucleares.
;Acho que as armas de ponta não estavam ali (no desfile), porque todo mundo semrpre esconde essa questão. É um país nuclear e, graças, obviamente, ao seu poderio, é um país que ajuda a decidir o futuro da humanidade;, destacou.
;Acho que as armas de ponta não estavam ali (no desfile), porque todo mundo semrpre esconde essa questão. É um país nuclear e, graças, obviamente, ao seu poderio, é um país que ajuda a decidir o futuro da humanidade;, destacou.
Quando questionado sobre que tipo de cooperação o Brasil poderia ter com a Índia na área de Defesa, o presidente afirmou que isso virá em uma ;próxima oportunidade; e o ministro da Defesa, Fernando Albuquerque, deverá participar das conversas com os indianos.
;Olha, a Índia, praticamente, tem a metade do nosso território, uma população cinco ou seis vezes maior do que nossa e faz história com a economia à nossa frente. O que falta para a gente crescer?;, questionou e, em seguida, emendou: ;A gente consegue, mas eu não vou falar para não dar manchete para os jornais amanhã.;
Bolsonaro reconheceu ainda que o fato de a Índia ter armas nucleares é que faz o país ser mais respeitado. ;Inclusive, os problemas que existem na região não chegam às ultimas consequências justamente pelo poderio bélico que eles têm;, destacou. Contudo, ele evitou falar sobre a possibilidade de retomar essa discussão de ter armas nucleares no Brasil ;Eu não vou responder isso. Está na nossa Constituição que energia nuclear só pode ser usada para fins pacíficos;, disse.
Postagem
Pela manhã, nas redes sociais, o presidente postou uma foto comemorando o Dia da República da Índia junto com uma foto de Mahatma Ghandi e, ao lado, frases do pacifista sobre o que destrói o ser humano: ;Política sem princípios, Prazer sem compromisso; Riqueza sem trabalho; Sabedoria sem caráter; Negócios sem Moral; Ciência sem humanidade e Oração sem caridade;.
No sábado (25/1), o presidente brasileiro visitou o Memorial Mahatma Ghandi, onde prestou uma homenagem com uma coroa de flores brancas. ;Eu sou um capitão do Exército, ele é um pacifista;, disse ao ser questionado sobre o que achava do guru indiano.