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Witzel não telefonou para se desculpar por vídeo, diz Mourão

No último domingo (26), o governador do Rio divulgou um vídeo no qual telefona a Mourão, mas não avisa ao general que a conversa está no viva voz e sendo filmada e, muito menos, pede autorização para divulgá-la

O presidente em exercício, Hamilton Mourão (PRTB),  afirmou na noite desta segunda-feira (27) que o governador do Rio, Wilson Witzel, não telefonou para se desculpar a respeito da gravação do vídeo.

 

"O governador do Rio? Não. Deixa pra lá esse caso. Vira essa página", desconversou.

 

Pela manhã, no último domingo (26), o governador do Rio divulgou, em sua conta oficial no Twitter, um vídeo no qual telefona a Mourão e pede apoio para o envio de água potável para a população atingida pelas fortes chuvas no Norte e no Nordeste do estado carioca. Porém, Witzel não avisa ao general que a conversa está no viva voz e sendo filmada e, muito menos, pede autorização para divulgá-la. A tentativa de mostrar proatividade em relação à causa acabou gerando indisposição com o alto escalão do governo.

 

Nesta segunda, o presidente em exercício se mostrou chateado com a gravação do telefonema e afirmou que Witzel "esqueceu" da ética e da moral."Em relação ao governador Witzel, ele diz que foi fuzileiro naval. Eu acredito que ele se esqueceu da ética e da moral que caracterizam as Forças Armadas quando saiu do corpo de fuzileiros navais", disse Mourão. 

 

Ainda segundo o general, o presidente Jair Bolsonaro que está em viagem à Índia contatou por telefone para falar sobre o ocorrido. “O presidente só disse que é uma coisa que não é ética, né. É óbvio, né. Se você vai gravar alguém, né, você diz ‘Olha, vou te gravar aqui, porque vou botar para o povo do Rio de Janeiro, para saber que estou atuando’. Ok, beleza, 100%”, disse Mourão.

 

Mourão disse que não conversou com Witzel após a gravação do telefonema. Na ligação divulgada, Witzel começa a ligação chamando Mourão de “senhor presidente” e, em seguida, faz o pedido. Mourão afirma que está "ciente" da situação e que vai pedir auxílio ao Rio para o ministro Fernando Azevedo, da Defesa. "Qualquer coisa a gente apoia mais alguma coisa aí no Rio de Janeiro, governador", aponta Mourão.

 

Antes de desembarcar de Nova Délhi com destino ao Brasil, o chefe do Executivo também se mostrou irritado com o assunto: “Ele, pelas imagens, está no seu carro e um assessor filma. E ele liga para o presidente em exercício. Não é usual alguém fazer isso. Não gostaria que fizessem comigo. O que se trata por telefone, tem que ser reservado.”

 

Em nota, a assessoria de Witzel afirma que “o vídeo divulgado nas redes sociais do governador Wilson Witzel tem somente a intenção de tranquilizar os moradores de cidades do noroeste do estado, fortemente atingidas pelas chuvas e, em função disso, sem item básico neste momento que é água para consumo. A informação de que os governos estadual e federal estarão juntos para atender demandas básicas da população da região não tem qualquer outra conotação que não demonstrar união num momento de necessidade do povo. Por isso é importante e de interesse público”.

 

Em outro trecho, a assessoria aponta que o telefonema caracteriza uma “conversa de trabalho”. “A disposição de auxiliar a região demonstrada pelo presidente em exercício, Hamilton Mourão, é prova do compromisso com as vítimas dessa calamidade que trouxe grandes prejuízos a várias cidades fluminenses. Ressalte-se que o telefonema caracteriza uma conversa de trabalho, buscando uma solução para um problema específico. E a sensibilidade demonstrada pelo presidente em exercício evitará o sofrimento de milhares de pessoas”, apontou o documento.

 

Witzel também se justificou por meio das redes sociais em um novo vídeo afirmando que a postagem foi feita para "mostrar união e pedir apoio": "Quero dizer que a minha ligação, ontem, ao vice-presidente foi para demonstrar união, de todos aqueles que estão preocupados com essa tragédia: município, estado, União. E dar satisfação para os prefeitos, para o povo, de que o governador do Estado está também pedindo esse apoio à União. Então, espero que nós todos estejamos unidos para salvar essas pessoas que estão hoje debaixo de água. Obrigado", concluiu Witzel.