Correio Braziliense
postado em 07/02/2020 04:04
O presidente Jair Bolsonaro voltou a alfinetar governadores ao falar sobre o preço dos combustíveis. O chefe do Executivo afirmou, ontem, na saída do Palácio da Alvorada, que é “melhor não baixar” os valores nas refinarias, uma vez que a redução não é repassada aos consumidores. “Parece que hoje (ontem) diminuiu de novo o preço do combustível. Se diminuiu, com todo o respeito, não pode diminuir mais, porque não chega para o consumidor. Se não chega ao consumidor, a gente está dando varada na água”, criticou. “Eu estou mostrando que a responsabilidade do preço do combustível é minha e dos governadores também. Não fiquem só jogando em cima de mim.”
Bolsonaro disse que cada vez que “peita” um problema desse, encontra “um montão de inimigo que tem amizade com a imprensa, com poderes, e os caras trabalham contra o tempo todo”. “A gasolina baixou na refinaria hoje (ontem). Quanto vai baixar na bomba para o consumidor? Zero. Então, eu estou fazendo aqui um papel de otário. Se bem que eu não interfiro na Petrobras.”
Na quarta-feira, Bolsonaro lançou um “desafio” para os governadores: prometeu zerar os tributos federais sobre os combustíveis se eles abrissem mão de cobrar o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do produto. No domingo, o presidente afirmou, por meio das redes sociais, que enviará ao Congresso uma proposta para mudança no sistema de tributação estadual sobre combustíveis. Ele defende que o ICMS do produto, recolhido pelos estados, tenha um valor fixo por litro.
Na segunda-feira, governadores de 23 unidades da Federação divulgaram uma carta rebatendo o presidente. No documento, afirmam que os entes são autônomos para decidir a alíquota do ICMS, responsável pela “principal receita dos estados para a manutenção de serviços essenciais à população”. O grupo também cobrou do governo um “debate responsável” e “nos fóruns apropriados, debater e construir soluções”.
Bateu, levou
O comandante do Planalto rebateu declaração do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que classificou como “populista” o “desafio” do presidente. “Dois governadores que estão me criticando: isso não é populismo, é vergonha na cara. Ou você acha que o povo está numa boa? Está todo mundo feliz da vida com o preço do gás, da gasolina, do transporte?”, questionou.
O outro governador citado por Bolsonaro foi Wilson Witzel, do Rio de Janeiro. O chefe do Executivo federal disse que os dois o atacam de olho nas eleições. “O Doria e o Witzel, pelo que eu sei, são candidatos a 2022, é direito deles. Agora, me colocar como um obstáculo... Eu tenho de ser massacrado para atingir seus objetivos?”
Ele aproveitou para dar uma estocada em Witzel, mencionando o problema da água no Rio de Janeiro. “Me elegeram como alvo: ‘Olha, tem que derrotar esse cara, porque se ele vier candidato, vai ele e o PT para o segundo turno e daí estamos fora’. Eu não estou preocupado com isso. Vou fazer o meu trabalho. Agora, eles, não”, disparou. “Em vez de mostrar o serviço deles... pergunta para o Witzel como é que está a água do Rio de Janeiro. Alguém quer tomar um copo de água do Rio de Janeiro, aí? Agora, botaram detergente na água, olha que coisa linda. Agora, problema dele, eu não vou dar pancada nele. Ele que tem que resolver.” (IS)
“Imbrochável”
O presidente Jair Bolsonaro disse que não está focado no pleito de 2022. “Não estou preocupado com reeleição. Podem continuar escrevendo. Não vou brochar para atender vocês (jornalistas) pensando em reeleição. Eu sou imbrochável”, destacou.
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