Brasília-DF

Correio Braziliense

postado em 08/02/2020 04:13

O cara do Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, distribuiu sopapos aos servidores no seminário da FGV do qual participou ontem, mas encontrou palavras para fazer um afago a um trabalhador da Esplanada. Trata-se do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que está sob assédio da iniciativa privada para sair do governo. A revelação partiu do próprio Guedes. O ministro disse que teme perder Mansueto em breve porque há muita gente interessada no secretário. Mas garantiu que tem tratado Mansueto com “muito carinho, de uma forma muito especial” para evitar o desfalque.

Segundo Guedes, Mansueto “é um cara muito bom e muito experiente”, que tem ajudado bastante o governo, mas ainda tem uma missão a cumprir no serviço público. O secretário do Tesouro, por sinal, já foi convidado a chefiar o Conselho Fiscal que deve ser criado com a PEC do Pacto Federativo — conselho que vai reunir todos os poderes e entes federados brasileiros para buscar uma solução ao rombo das contas públicas. “Deixe esse legado para o seu filho, para o seu neto. Fica este ano com a gente, depois você sai. E se quiser sair, nós queremos capturar de novo. Vai pro BID, vira presidente de um banco desse aí”, pediu Guedes a Mansueto, que estava na plateia do seminário da FGV.

O ministro da Economia disse ainda que é muito grato por Mansueto ter ficado no governo desde o início. E indicou que uma possível saída poderia ser justificada pela questão salarial — Guedes, por sinal, aproveitou essa deixa para fazer mais uma defesa da reforma administrativa. “Tem gente que entrou há cinco anos lá [no serviço público] e ganha só 15% menos que o Mansueto que está com 20 anos de experiência. Se tivesse no setor privado estava ganhando uma fortuna”, afirmou.

Modos e intenções

Na mesma palestra, Guedes também tentou defender os “modos” do presidente Bolsonaro, que, muitas vezes, provocam fortes críticas ao governo. “As pessoas não estão vendo que por trás de maus modos podem estar bons princípios e boas reformas. E atrás de bons modos... Os presidentes podem ter ótimos modos, mas da cintura para baixo estar uma sujeira danada”, afirmou.

 

Basta de feminicídio

Parlamentares do PSol denunciaram na ONU o feminicídio no Brasil e o que consideram o abandono das políticas públicas para combater a violência contra a mulher. O documento foi encaminhado à Relatoria Especial para Violência contra Mulheres e ao Alto Comissariado para Direitos Humanos, comandado pela ex-presidente do Chile Michelle Bachelet.

 

Novo embate

A denúncia pode motivar um novo desgaste internacional para o governo. Em setembro, Bolsonaro reagiu a comentário de Bachelet sobre a violência policial no Brasil. Ele exaltou a ação do ditador Augusto Pinochet ao derrubar o governo de Salvador Allende em 1973. O general Alberto Bachelet, aliado de Allende, morreu vítima de tortura.

 

 

Recado

No final da entrevista coletiva no Ministério da Defesa ontem sobre o resgate de brasileiros na China, o presidente Bolsonaro escreveu “Caiado – gov.” e “pref. Anápolis” no bloco de notas. O registro refere-se ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e ao prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), pelo apoio na operação militar. A base aérea de Anápolis será o local de quarentena dos repatriados.

Carta branca

A secretária especial de Cultura, Regina Duarte, ia almoçar em um restaurante vegano quando foi chamada para uma reunião com Jair Bolsonaro. O encontro entre os dois, a portas fechadas no Planalto, durou aproximadamente uma hora. Na conversa, o presidente disse “confiar” em Regina e garantiu que ela terá liberdade para nomear a equipe.

Poucas horas antes, a reverenda Jane Silva, que vinha substituindo Regina — a artista ainda não tomou posse —, era exonerada do cargo de secretária-adjunta por tomar decisões sem consultar a futura titular.

 

Eu e Pandora

Apesar das polêmicas no meio artístico, Regina Duarte tem confessado a amigos que está empolgada para vir morar em Brasília — ela tem um imóvel no Rio e outro em São Paulo. Em pouco tempo, se encantou com a cidade: elogia o ar puro, os vastos espaços verdes e a arquitetura. Considera um local ideal para cuidar da sua inseparável amiga, a gatinha de estimação Pandora.