Politica

Promotor diz que escudo baleado é indício de resistência do capitão Adriano na BA

Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 18:39
O promotor de Justiça Dário Kist afirmou, nesta quarta-feira, 12, que uma investigação foi aberta para apurar as circunstâncias da morte do capitão Adriano, investigado por suposta 'rachadinha' no gabinete de Flávio Bolsonaro à época em que o filho do presidente Jair Bolsonaro ocupava cargo na Assembleia Legislativa do Rio. "Existem indícios. O Ministério Público entende que houve resistência porque o escudo que a polícia utilizava foi alvejado. Isso reflete, em linha de tese, indícios de que houve resistência", diz. "A informação que nós temos e trabalhamos é de que ele esteve no terreno, e não há nada que indique que não houve resistência. Os indícios são nesse sentido. Ao ser abordado, anunciado o mandado de prisão, resistiu", relatou. Questionado sobre se a Promotoria tem certeza de que a narrativa da polícia é verídica, o promotor preferiu não cravar uma conclusão sobre a morte do ex-PM. "É uma situação que não podemos responder nesse momento. No laudo que será publicado, irá esclarecer. Foi feita uma perícia. Na sequência dos episódios, tão logo ocorreram, os peritos estiveram no local e no dia", ressalta. "Eu não posso afiançar nem que sim, nem que não". Segundo o promotor, os policiais que participaram da ação prestaram depoimento em que afirmam que Adriano Magalhães de Nóbrega reagiu a tiros ao anúncio do mandado de prisão. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, foram apreendidos 13 celulares, uma pistola, um revolver e duas espingardas no imóvel na zona rural do município de Esplanada, onde foi encontrado e morto o Adriano Magalhães da Nóbrega, o 'capitão Adriano'. Adriano Magalhães da Nóbrega, o 'capitão Adriano', era um dos alvos da investigação sobre suposta 'rachadinha' no gabinete de do senador Flávio Bolsonaro, à época em que o filho do presidente Jair Bolsonaro esteve na Assembleia Legislativa do Rio. Além de ter sido indicado pelo '03' à mais alta honraria do Rio, a Medalha Tiradentes, ele manteve no gabinete do parlamentar sua mulher e sua mãe, que chegaram a ter o sigilo quebrado no inquérito do caso Queiroz. Suspeito de chefiar o 'escritório do crime', milícia suspeita de participar do assassinato de Marielle Franco, ele não resistiu após suposta troca de tiros em uma operação policial para capturá-lo. Entenda o caso Ao Estado, o advogado Paulo Emilio Catta Preta, que defendia Adriano, afirmou ter recebido uma ligação de seu cliente na quarta, 7. O ex-PM disse que que tinha "certeza" de que queriam matá-lo para "queimar arquivo". A viúva do miliciano também fez o mesmo relato. Após a morte, Mônica Benício, viúva da ex-vereadora Marielle Franco, e o PSOL, cobraram explicações sobre a morte de Adriano. O partido vai pedir uma audiência com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia para cobrar esclarecimentos sobre a morte. O capitão Adriano estava foragido desde a Operação Os Intocáveis, deflagrada em janeiro de 2019, contra uma milícia que atua em Rio das Pedras, comunidade pobre da Barra da Tijuca. De acordo com a Promotoria do Rio, o grupo atuava na grilagem de terras, na compra, venda e aluguel irregular de imóveis, na cobrança de taxas da população local e na receptação de mercadoria roubada, entre outros crimes. A Receita Federal chegou a fazer uma parceria com a Promotoria do Rio para compartilhar dados fiscais colhidos na Operação Os Intocáveis, com o fim de também elucidar o suposto esquema de desvio de salários. A mulher do ex-capitão, Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, trabalhou no gabinete de Flávio de 6 de setembro de 2007 até 14 de novembro do ano passado. Já a mãe de Nóbrega, Raimunda Veras Magalhães, esteve lotada no mesmo gabinete de 11 de maio de 2016 também até 14 de novembro de 2018. Ambas recebiam salário de R$ 6.490,35. Raimunda é citada no relatório do Coaf que investiga corrupção no Legislativo fluminense. Ela repassou R$ 4.600 para a conta de Queiroz. Quando o Ministério Público Estadual do Rio pediu a quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro e seus assessores, na lista dos alvos constavam os nomes de Raimunda e Danielle. Seus nomes eram marcados em negrito no documento, para ressaltar o elo com o miliciano. Em dezembro, o MP do Rio concluiu que o Capitão Adriano era beneficiado pelo dinheiro do suposto esquema de 'rachadinha' que existia no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio. Os promotores chegaram a essa conclusão depois de analisar conversas via WhatsApp e dados de transações financeiras do ex-PM. As informações constavam no pedido do Ministério Público Estadual do Rio para que fossem deflagradas buscas e apreensões no Caso Queiroz. Adriano foi homenageado por Flávio em 2003 e 2004 na Assembleia Legislativa por sua atuação como policial. Tanto o senador, quanto seu homem de confiança, Fabrício Queiroz, tinham a mesma versão sobre a nomeação. Queiroz afirmou que ele mesmo quem indicou a contratação da mãe e da mulher do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega para o gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio. Nota assinada pelo advogado Paulo Márcio Ennes Klein, à época na defesa de Queiroz, informava que o seu cliente "é ex-policial militar e conheceu o sr. Adriano na época em que ambos trabalhavam no 18º Batalhão da Polícia Militar e, após a nomeação dele como assessor do ex-deputado estadual solicitou ao gabinete moção para o sr. Adriano, bem como a nomeação dele para trabalhar no referido gabinete, em razão dos elevados índices de êxito na condução das ocorrências policiais registradas, até então, na equipe em que trabalhava na PM."

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