Correio Braziliense
postado em 18/02/2020 20:15
O secretário de Segurança Pública da Bahia, MaurÃcio Barbosa, rebateu o vÃdeo e as acusações do senador Flávio Bolsonaro pelas redes sociais. Mais cedo, o filho do Presidente publicou vÃdeo de suposto corpo do ex-capitão do Bope e suspeito de integrar milÃcia Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em operação policial na cidade de Esmeralda, a 170 quilômetros de Salvador.
Segundo Barbosa, o vÃdeo divulgado pelo senador não teve a autenticidade reconhecida pela perÃcia da Bahia e nem pela perÃcia do Rio de Janeiro. Nesta tarde, a reportagem buscou o Departamento de PolÃcia Técnica do Rio, que informou que o vÃdeo não havia sido gravado no local.
"As imagens não foram feitas nas instalações oficiais do Instituto Médico-Legal. Então nós temos a clara convicção de que isso é para trazer algum tipo de dúvida, de questionamento, a um trabalho que ainda não foi concluÃdo", disse Barbosa. Segundo o secretário, o governo foi instado a comentar o resultado de uma perÃcia, divulgada na semana passada, e que há outros exames a serem realizados.
A única perÃcia oficial do corpo do miliciano aponta que ele foi morto por dois tiros de fuzil, disparados a, no mÃnimo, um metro e meio de distância. São mencionados "seis fraturas nas costelas", "dois pulmões destruÃdos" e o "coração dilacerado".
Diferente do que alegou Flávio, não há menção a coronhada ou queimadura. Os ferimentos, segundo os peritos, seriam compatÃveis com o impacto no corpo causado por tiros de fuzil, em razão da alta energia cinética dos projéteis.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que o diretor do Instituto Médico Legal (IML) da Bahia, Mário Câmara, afirma que não é possÃvel confirmar onde o vÃdeo foi gravado e se o corpo é realmente do capitão Adriano da Nóbrega.
"Não sabemos se foi adulterado, onde foi feito, não sabemos se o corpo é realmente do senhor Adriano. Então não faremos comentários sobre o vÃdeo", afirma.
Nesta tarde, Flávio Bolsonaro publicou um vÃdeo de 21 segundos, sem áudio e com imagens fortes, no qual é exibido um corpo etiquetado com o nome de Adriano Magalhães.
"PerÃcia da Bahia (governo PT), diz não ser possÃvel afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", afirmou Flávio Bolsonaro.
Além de ser acusado de integrar o Escritório do Crime, milÃcia envolvida no assassinato da vereadora Marielle Franco, Adriano da Nóbrega era investigado pelo Ministério Público do Rio por participação em suposto esquema de rachadinha conduzido no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O filho do presidente empregou a ex-esposa e a mãe de Adriano da Nóbrega. Ao deflagrar operação contra endereços ligados ao ex-assessor FabrÃcio Queiroz e Flávio Bolsonaro em novembro do ano passado, o Ministério Público detalhou conversas entre Nóbrega e sua ex-esposa Danielle que era funcionária de Flávio.
Após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelar movimentações atÃpicas de Queiroz, Danielle foi exonerada do cargo e cobrou explicações do miliciano em mensagens obtidas pela promotoria. Nelas, a ex-esposa de Adriano da Nóbrega afirma que ele também se beneficiava do suposto esquema de 'rachadinhas'.
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