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Servidores preparam paródias para 'homenagear' o governo no carnaval

Bolsonaro e Paulo Guedes são alvos preferenciais das paródias, que citarão as milícias, a ''rachadinha'' e os ataques ao funcionalismo e aos empregados domésticos

Os servidores vão botar o bloco na rua e dar o troco ao governo, mas com muito humor, neste carnaval. Em todo o país, sambas, marchinhas e frevos foram criados ou adaptados contra os ataques que sofreram, se manifestarem contra a reforma administrativa e, ainda, para alfinetar o presidente Jair Bolsonaro enfatizando as supostas ligações dele e dos filhos com as milícias e as “rachadinhas”. Vão distribuir panfletos, usar camisetas com mensagens específicas e chamar a atenção da sociedade.

Vladimir Nepomuceno, ex-diretor de relações do trabalho do Ministério do Planejamento, garante que a crítica ao governo será forte. “Visitei diversas entidades sindicais em todo o país. Todas elas vão fazer algum tipo de protesto, todas estão preparando material de divulgação sobre a importância do serviço público para a população”, reforçou.

De acordo com Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o carnaval trará muito mais novidade, com uma infinidade de paródias Brasil afora. “Não adianta destratar e depois pedir desculpas, achando que está tudo bem. Não aceitamos e a reação vai ser enorme”, afirmou. Ele lembra que, em Recife, tem o “Bloco do Abre o Olho”, que sai hoje à tarde. “Acompanhe e veja a criatividade do povo”, exortou.

Os servidores do INSS criaram uma paródia com a marchinha A Jardineira, originalmente composta por Benedito Lacerda e Humberto Porto, em 1938. A versão é intitulada “Pinochetar, especular, parasitar: a vida de Paulo Guedes”. Na letra, desancam: “Ô Paulo Guedes, sei que foste ao Chile/O que será que te apeteceu/Foi lá bancar o Chicago boy/Porque, no Brasil, tentou mas não deu/Guedes-carrapato/Chupa o sangue do trabalhador/É um banqueiro/E só sabe especular/Como todo parasita/Ele quer privatizar”.

A Frente Parlamentar do Serviço Público questiona: “Alô, presidente/O que está acontecendo?/O que ‘cê tá fazendo’?/O que ‘cê tá fazendo’?”.

A brincadeira com o ministro começou a correr as redes sociais. Um bloco do Rio de Janeiro apresentou a “empregada do Guedes” — em referência ao comentário que fez sobre de que no tempo em que o dólar esteve baixo, até os funcionários domésticos podiam ir à Disney. Um folião carioca criou a indumentária de uniforme, avental de cozinha, laçarote da “Minnie”, bichinho de pelúcia do “Mickey” e mala de viagem com adesivos do parque na Califórnia (EUA).

Como acompanhamento musical, a marchinha Você Não Quer Dividir o Avião, de Zeca Baleiro, é a mais indicada. Diz: Você não quer dividir o avião/Com pobre, né, irmão?/Se você pudesse, você viajava em dois assentos/Seu ego gigante não sabe o que é constrangimento/A riqueza é uma casa nos ares/Acima da miséria que aflige milhares/E ainda por cima você fala em nome de Cristo/Acha que o reino dos céus é seu/Ai, meu Deus, ai meu Deus, olhai pra isto/Por que fala em Cristo/Se age como um fariseu?”.

Em Brasília, o Pacotão, que nasceu em plena ditadura militar e saiu na contramão da W3, chega com letra e música de autoria de Sóter, Maria Sabina e Assis Aderaldo prometendo escrachar “essa milícia e também o laranjal” No refrão, a crítica: “Ô seu Queiroz, que vida boa/Engordando a rachadinha da patroa/Esse Queiroz né mole, não/Também remexe no cofrinho do patrão”.

O Comuna Que Pariu, do Rio, que por questão de segurança não revela por onde vai passar, não faz por menos: “Abaixo à retirada de direitos!/Basta ao fascismo!/Chega de intolerância religiosa!/Chega de matar criança, chega de matar pobre!”.

Também ficou famosa, pela internet a marchinha O Oscar é dele! Talquey, da Família Passos, que dá um puxão de orelhas em Paulo Guedes. “Eu conheço um parasita/Que tá sugando há um tempão/Às vezes, ele é Tchutchuca/Às vezes, ele é Tigrão!/O Oscar é dele!/Parasita não é gente/Parasita é o ministro/Parasita é o presidente!”.

Outra publicação nas redes sociais ensina, dessa vez ao ministro da Educação, Abraham Weintraub: “Alô ministro, vamos aprender/Impressionante é com SS e não com C/Ô seu ministro, vai fazer umas ‘aulinhas’/Que minha vontade é mandar você plantar chuchu”.

Até o ex-deputado Paulo Rubem Santiago compõe em defesa dos “parasitas”. Na letra, pede respeito. “O nosso salário é suado/Não venha nos aporrinhar/O Estado só chega ao povo/Por meio do trabalhador”.