Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 04:13
O presidente da Associação Nacional de Entidades Representativas de Policiais Militares e Bombeiros Militares (Anermb), sargento Leonel Lucas, se disse preocupado com o que pode acontecer em outros estados após a ação de integrantes das forças de segurança do Ceará. “Tudo isso que está acontecendo, não só no Ceará, é a incapacidade dos governantes de dialogar com a tropa”, reclamou.
Sobre o episódio do Ceará, em que o senador licenciado Cid Gomes foi baleado, o sargento apontou erros de ambos os lados. “Mas o maior culpado foi quem atiçou. O que ele estava fazendo lá, sabendo que tinha uma manifestação justa?”, questionou. A deflagração de greve por parte de integrantes das forças de segurança é algo ilegal. Sobre isso, Leonel Lucas disse: “Somos proibidos de fazer greve, mas, do outro lado da moeda, a Constituição diz que temos direito a reajuste anual, e tem gente descumprindo isso”, defendeu.
Apesar da justificativa, ele negou que policiais e bombeiros estivessem na manifestação do Ceará no momento em que Cid Gomes foi baleado. “Eram esposas e filhos, até onde a gente sabe. Não dá para saber se eram policiais”, disse. Em vídeos que circularam nas redes sociais, é possível ver que a grande maioria são homens encapuzados. Ao ser perguntado sobre essas imagens, ele respondeu que filhos e esposas também usavam capuz para evitar que seus familiares dentro das corporações fossem identificados e punidos.
No Mato Grosso do Sul, o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar, cabo Mário Sérgio Couto, concordou com a ação dos colegas do Ceará. “Quando chega ao extremo do extremo, que a gente não consegue no diálogo, a única maneira de reivindicar alguma coisa é dessa maneira aí, de demonstrar a nossa insatisfação”, disparou. A respeito de Cid Gomes, ele mencionou legítima defesa. “Ele que atentou contra a vida dos policiais militares e de seus familiares que estavam dentro do quartel”, acusou.
O militar disse entender que não há ilegalidade na ação do Ceará, pois não há greve. “É uma paralisação dentro do quartel. Temos direito de ir para o quartel e ficar lá. É a nossa casa”, frisou. Mário Sérgio afirmou que no estado a categoria está sem reposição há cinco anos. Ontem, ele foi à Assembleia Legislativa apresentar a deputados um estudo no qual pedem um aumento salarial de 27% que, segundo disse, se trata apenas de reposição da perda que tiveram nos últimos anos sem reajuste. “A gente sabe da questão da dificuldade de todos os estados, inclusive o nosso. Só que não tem mais como a gente ficar da maneira como está”, argumentou.
De acordo com Mário Sérgio, a categoria não está longe de algo como os tumultos no Ceará. “Se nós tivermos que partir para algo mais radical, nós não estamos distante da situação que aconteceu no Ceará. Se a PM e os bombeiros tiverem de fazer um aquartelamento e qualquer que seja a autoridade quiser invadir, a reação será a mesma”, avisou.(ST)
27%
Reajuste que PM e bombeiros militares querem em Mato Grosso do Sul
“Somos proibidos de fazer greve, mas, do outro lado da moeda, a Constituição diz que temos direito a reajuste anual, e tem gente descumprindo isso”
Leonel Lucas,
presidente da Anermb
“Se nós tivermos que partir para algo mais radical, nós não estamos distante da situação que aconteceu no Ceará. Se a PM e os bombeiros tiverem de fazer um aquartelamento e qualquer que seja a autoridade quiser invadir, a reação será a mesma”
Mário Sérgio Couto, presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul
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