Politica

Guedes cita a avó em desculpas a domésticas

Ministro se retrata por declaração preconceituosa e diz que a mãe do pai dele exercia a profissão. Ele também atenua crítica de Heleno ao Congresso e alfineta parlamentares

Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 04:14
O ministro, ao comentar sobre empregadas domésticas: %u201CPeço desculpas, se puder ter ofendido%u201D
 
O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu desculpas às empregadas domésticas pelas declarações preconceituosas, na semana passada, ao comentar a alta do dólar. Na ocasião, ele disse que na época em que a moeda estava com valor muito baixo “até empregada doméstica ia para a Disney, uma festa danada”. Ontem, veio o mea-culpa. “Quando fazemos política econômica, estamos pensando em todos os brasileiros, particularmente nos mais humildes. E aquele modelo antigo, com juros lá em cima, transformava os empresários e empreendedores brasileiros em rentistas”, afirmou. “Em vez de fazerem investimentos, criarem empregos, rentistas. E justamente também as famílias mais humildes, empregadas domésticas, inclusive, a quem eu peço desculpas, se puder ter ofendido, dizendo que a mãe do meu pai foi uma empregada doméstica”, emendou, durante discurso de lançamento da nova linha de crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal (leia reportagem na página 7).

Em seguida, porém, o ministro criticou a repercussão da frase. “Qual é o problema de você fazer uma referência como essa? Mostrando que os preços estão empurrando a população em direção equivocada? Um Brasil cheio de belezas naturais, e as pessoas pensando em não viajar para o Nordeste, para as praias do Nordeste, por exemplo, porque estava 50% mais caro ir para o Nordeste brasileiro do que ir para o Exterior”, argumentou. “Quem tira de contexto o que nós falamos está semeando discórdia, semeando divisão entre os brasileiros.”

Congresso
Guedes também abordou outra controvérsia, causada pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, que acusou o Congresso de chantagear o governo para ter controle da execução de emendas ao Orçamento. “Temos de transformar todo esse aparente desentendimento em um olhar crítico de construir um futuro melhor. É normal que o Congresso queira entrar no Orçamento, mas peraí, não precisa pisar no nosso pé”, frisou. “Todo mundo fica nervoso. É natural isso. Às vezes, o Congresso fica nervoso achando que estamos pressionando, às vezes, fica nervoso o nosso time do lado de cá, porque fala, peraí, estamos no presidencialismo, não em um parlamentarismo branco.”

Ele ressaltou que não é necessário brigar por causa da verba de R$ 10 bilhões, uma vez que o pacto federativo pode dar maior autonomia aos estados e municípios. “Tem um Orçamento de R$ 1,5 trilhão, para que vamos brigar por causa de R$ 10, R$ 15 ou 20 bilhões? Tem R$ 1,5 trilhão. Basta descarimbar. Vamos fazer o pacto federativo, descentralizar. Aprovemos as reformas.”

“É normal que o Congresso queira entrar no Orçamento, mas peraí, não precisa pisar no nosso pé”

Paulo Guedes, ministro da Economia


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