Politica

Bolsonaro: "Também já fui a presídio"

Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 04:14
Corpo de miliciano foi submetido, ontem, a nova autópsia
 
O presidente Jair Bolsonaro minimizou a informação de que um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), visitou na prisão o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto no último dia 9 pela Polícia Militar baiana após fugir, por mais de um ano, da polícia fluminense. O chefe do Executivo disse que também já foi a outros espaços de detenção no passado, sem deixar claro em quais circunstâncias. Adriano da Nóbrega é apontado pela polícia do Rio como chefe do Escritório do Crime, uma milícia com atuação na zona oeste da capital fluminense.

“Para começar, eu já fui, olha só, bota aí, eu já fui várias vezes no BEP, Batalhão Especial Prisional, lá no Rio de Janeiro, eu já fui no presídio da Marinha no passado também, está certo?”, afirmou Bolsonaro ao ser questionado por jornalistas. Em seguida, ele encerrou a conversa e entrou no carro da Presidência.

De acordo com o vereador e sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Ítalo Ciba (Avante), que esteve na prisão com Adriano, as visitas de Flávio teriam ocorrido “mais de uma vez”. Em entrevista ao jornal O Globo, o parlamentar ainda afirmou que Adriano ia ao gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando ele cumpria mandato como deputado estadual, a convite de Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio. O relato de Ciba contraria o que o atual senador tem dito sobre sua relação com Adriano, que, segundo ele, se limitou à entrega da medalha de Tiradentes ao miliciano.

Questionado sobre as visitas, Flávio Bolsonaro respondeu, por nota, que esteve apenas uma vez na cadeia, em 2005, para ver Adriano e entregar a medalha Tiradentes — maior honraria concedida pela Alerj. “Não há nenhuma relação de Flávio Bolsonaro ou da família com Adriano”, diz o texto.

Ontem, o corpo do ex-PM passou por um novo exame cadavérico, no Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro. Ele foi baleado depois que a polícia baiana invadiu o sítio onde ele estava escondido. Segundo a PM, houve troca de tiros. A família de Adriano, no entanto, diz que houve execução.

A Justiça da Bahia autorizou, na noite de terça-feira, a realização do novo exame. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público da Bahia e pela família do miliciano. Na decisão, o juiz Augusto Yuzo Jouti determinou que o exame fosse feito por peritos do IML do Rio, onde o corpo está desde o último domingo. De acordo com a decisão, no entanto, a família e o MP da Bahia poderiam indicar peritos independentes para acompanhar a autópsia.

O objetivo do novo exame é determinar a distância aproximada entre os policiais e Adriano, o trajeto percorrido pelas balas no interior do corpo do ex-PM e o calibre das armas usadas. Será possível averiguar, também, se houve tortura, como foi alegado por Flávio Bolsonaro.



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