Correio Braziliense
postado em 22/02/2020 04:04
Paulo Hartung foi um dos primeiros governadores do país a ter de lidar com uma greve de policiais. Em 2017, quando estava à frente do Executivo do Espírito Santo, enfrentou uma paralisação de mais de 20 dias das forças de segurança pública. Em entrevista à Rádio Eldorado, ontem, ele disse que o movimento é provocado por acúmulo de erros, mas que anistiar os envolvidos é “equívoco gravíssimo”.
Dois projetos de lei — um no Senado e outro na Câmara — anistiam policiais militares que se envolveram em motins pelo país. Eles querem complementar lei de 2011, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que anistiou PMs de 13 estados e do Distrito Federal que se rebelaram entre 1997 e 2011. Entre os que podem ser beneficiados estão os PMs que fizeram greve em 1988 em São Paulo.
O ex-governador também destacou a ilegalidade de movimentos grevistas por funcionários públicos que utilizam armas. “Uma greve de um setor desses. Aliás, não é nem greve, é um motim, é uma chantagem contra a sociedade”, afirmou.
No caso da greve do Espírito Santo em 2017, Hartung enfatizou que a punição dos responsáveis foi um passo importante para impedir novos amotinamentos, mas que algumas outras medidas colaboraram para que as forças de segurança voltassem a operar. “Modernizamos a política de promoção dos policiais. Reduzimos a promoção automática, que é por tempo de serviço, e ampliamos a avaliação de desempenho dos policiais”, contou. Durante a greve, um dos resultados foi o aumento no número de mortes, principalmente em áreas periféricas das cidades, segundo o ex-governador.
Hartung também afirmou que a cena protagonizada pelo senador licenciado Cid Gomes, que dirigiu uma retroescavadeira para tentar debelar um protesto em Sobral, no Ceará, teve um “papel relevante” para levar o tema aos holofotes, contudo, condenou o ato. “Eu acho que o gesto de Cid Gomes teve um papel relevante: chamou a atenção do Brasil. Eu não acho um gesto correto, acho absolutamente incorreto, mas chamou a atenção para o tamanho do problema”, declarou.
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