Correio Braziliense
postado em 23/02/2020 04:04
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender que a reforma tributária trate apenas de impostos federais. Segundo ele, a recomendação foi dada ao ministro da Economia, Paulo Guedes. A declaração foi feita ontem, no Guarujá, onde Bolsonaro passa o feriado de carnaval.
“[Sobre a reforma] tributária, tenho falado com Paulo Guedes: ‘Paulo, é muito importante. Paulo, se preocupa com os impostos federais’, porque, se botar estados e municípios, vai acontecer o que eu vi ao longo de 28 anos na Câmara, não se resolve, e continua esse emaranhado de leis’”, justificou. O presidente disse que a Receita Federal é um entrave. “A Receita, com instruções normativas, dificulta a vida de muita gente. Tem um trabalho bom? Tem, evita fraude e sonegação.”
No último dia 20, Bolsonaro afirmou que estava “feliz” por haver “tantos economistas” na comissão mista composta para discutir a reforma tributária. “Fizeram uma comissão mista com 60 parlamentares. Eu fico muito feliz, porque é sinal que existem, na Câmara e no Senado, excelentes economistas. Espero que, este ano, a gente conclua essa reforma. Vinte e oito anos na Câmara e não se chegou a lugar nenhum”, apontou. Apesar das reclamações do presidente, ainda não há um texto unificado sobre a reforma tributária no Senado e na Câmara, tampouco o governo enviou a sua proposta final.
Outra reforma muito desejada pelo governo é a administrativa. O chefe do Executivo afirmou ontem que a medida para reestruturar as regras do funcionalismo federal está pronta e que será apresentada após o carnaval. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) deve ser enviada com ênfase naquilo que o governo defende: acabar com a estabilidade para novos servidores, reduzir o número de cargos, criar critérios mais rígidos de avaliação de desempenho do servidor e diminuir as remunerações iniciais. A proposta alcançará apenas novos servidores, segundo Bolsonaro.
Privatizações
O presidente reafirmou que deseja a privatização dos Correios. “Não é fácil fazer as privatizações, muitas passam pelo parlamento. Nós queremos desinchar o Estado. Eu quero deixar o meu governo com o Estado mais leve e quem, porventura for assumir e tiver ideia diferente, não terá um montão de estatal para botar gente lá dentro. Tem estatais e bancos oficiais que são estratégicos, a gente não está pensando em privatizar, mas temos que ajudar o Brasil. Essa que é a ideia”, disse.
Bolsonaro embarcou na tarde de ontem, sem a primeira-dama Michelle Bolsonaro, para passar o feriado de carnaval na base militar do Forte dos Andradas de São Paulo. A expectativa é que retorne na quinta-feira. Acompanharam o presidente a filha de 9 anos, Laura, e do deputado Hélio Lopes (PSL-RJ). A previsão é de que se juntem a ele o filho mais velho, senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), com a mulher e as duas filhas, e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
“Tenho falado com Paulo Guedes: ‘Paulo, se preocupa com os impostos federais’, porque, se botar estados e municípios, vai acontecer o que eu vi ao longo de 28 anos na Câmara, não se resolve, fica esse emaranhado de leis’”
Jair Bolsonaro, presidente
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