“Vamos ter que conviver com isso e melhorar a relação.” A frase é do líder do governo no Congresso Nacional, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), que em entrevista ao Correio minimizou a polêmica envolvendo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O chefe do Executivo do Brasil compartilhou, via WhatsApp, um vídeo em que convoca a população a um ato em apoio a ele e contra o Congresso Nacional. A informação foi divulgada pela jornalista Vera Magalhães, do Estado de S. Paulo, na última terça-feira (25/2) e confirmada pelo presidente no Twitter nesta quarta-feira (26).
Gomes afirma que é preciso levar em consideração a declaração do presidente no Twitter, na qual ele fala sobre "tumultuar a democracia" e afirmou que utiliza o WhatsaApp para trocar mensagens de cunho pessoal. “Tenho 35Mi (milhões) de seguidores em minhas mídias sociais, c/ notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, escreveu.
Tenho 35Mi de seguidores em minhas mÃdias sociais, c/ notÃcias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República.
; Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro)
Questionado se a situação envolvendo o compartilhamento do vídeo não desgasta a relação do presidente com o Congresso, Gomes respondeu: “Não estou dizendo que não desgasta. Mas quando ele declarou que divulgou o vídeo a um grupo restrito de seguidores, e fez a observação sobre não tumultuar a República, a gente deve retomar a fala dele na semana passada, quando ele exaltou a necessidade de respeito, interdependência e fortalecimento dos poderes democráticos”, disse.
O senador buscou ressaltar a agenda do governo no Congresso, e disse que o ano de 2019 foi extremamente produtivo, citando a Reforma da Previdência, e falando que o presidente convive bem com o Congresso. “Temos que apostar nisso. Apostar contra isso é ruim para a democracia”, disse. Gomes disse que Bolsonaro é “uma pessoa de comunicação direta”, falando, ainda, sobre ações do presidente voltadas à recuperação da economia e reformas. Questionado se via uma ameaça à democracia, o senador negou. “Se tivesse, depois que ele (presidente) esclareceu, a gente teria outro tipo de comportamento. A democracia é consolidada no país, e inegociável à população”, disse.
O líder do governo no Congresso frisou que não pode “julgar” o presidente depois que ele se manifestou sobre o caso, se referindo à mensagem publicada por ele no Twitter. O senador ressaltou, ainda, um otimismo em relação às ações do Executivo junto com Congresso para 2020. Gomes afirma que o presidente tem conquistado muitas vitórias e tem uma agenda que “está em sintonia com o que a população tem pensado”.
Perguntado se o ato do presidente em compartilhar o vídeo somado à fala o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, não piora a situação do Executivo com os parlamentares, Gomes disse: “O presidente é o presidente, o general é o general. O que ele (Bolsonaro) quis dizer é o que ele escreveu na nota (no Twitter)”, reiterou. E completou: “Eu vou ao Congresso ciente que a democracia está garantida.”
Na última semana, o ministro Augusto Heleno foi gravado reclamando de "chantagem" sofrida pelo Executivo em relação ao Congresso. O áudio foi captado em uma transmissão ao vivo realizada na conta oficial do presidente de uma cerimônia no Palácio da Alvorada. "Rapaz, nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente. F***-se", disse o ministro. A afirmação feita é relativa a um embate entre Executivo e Legislativo quanto ao controle do orçamento de 2020.
Em outubro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro se envolveu em outra polêmica após publicar um vídeo criticando partidos, o Supremo Tribunal Federal (STF) e outras organizações brasileiras. Nas imagens, ele se comparou com um leão sendo perseguido por hienas, que são identificadas como partidos políticos (PT, PCdoB, PSL, PSDB, PDT), o STF, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e veículos da imprensa. Depois de ampla repercussão negativa, ele classificou a publicação como um "erro".
Eduardo Bolsonaro
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, publicou na tarde desta quarta-feira (26/2), no Twitter, um questionamento insinuando que um ataque ao Congresso Nacional não seria lamentado pela população. "Se houvesse uma bomba H (de hidrogênio) no Congresso você realmente acha que o povo choraria?", escreveu.
Esse é o abismo que separa não o Presidente de você,Vera. Mas sim a bolha em que você vive da percepção da população em geral
Se houvesse uma bomba H no Congresso você realmente acha que o povo choraria? Ou você só faz isso p TENTAR criar atrito entre o Presidente e o Congresso?; Eduardo Bolsonaro%uD83C%uDDE7%uD83C%uDDF7 (@BolsonaroSP)
Sobre isso, o senador Eduardo Gomes disse que essa declaração do deputado foi em uma discussão com a jornalista Vera Magalhães. “Fica nesse campo, não tem efeito nenhum”, afirmou.
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