Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 11:00
O presidente Jair Bolsonaro disparou nesta terça-feira, 25, de seu celular pessoal um vÃdeo em tom dramático em que mostra a facada que sofreu em 2018 em Juiz de Fora (MG) para dizer que "quase morreu" para defender o PaÃs e, agora, precisa que as pessoas saiam à s ruas em 15 de março para defendê-lo. O ato do dia 15 está sendo convocado por movimentos de direita em defesa do governo e contra o Congresso.
A reação ao vÃdeo foi imediata. Bolsonaro adicionou um texto ao vÃdeo de 1 minuto e 40 segundos. Nele se lia: "15 de março. Gen Heleno/Cap Bolsonaro./ O Brasil é nosso, não dos polÃticos de sempre". O vÃdeo foi revelado pelo site BR PolÃtico, do jornal O Estado de S. Paulo.
Bolsonaro já enviou pelo menos dois vÃdeos com imagens e sobreposição de fotos suas, convocando a população a sair à s ruas no dia 15. Os vÃdeos têm trechos idênticos, como a frase que classifica Bolsonaro como um presidente "cristão, patriota, capaz, justo e incorruptÃvel".
O ex-deputado Alberto Fraga, amigo do presidente, confirmou ao Estado que, antes do carnaval, recebeu um desses vÃdeos do próprio Bolsonaro, pelo WhatsApp. A mesma peça foi compartilhada pelo secretário da Pesca, Jorge Seif Jr., com seus contatos no aplicativo.
No vÃdeo disparado nesta terça, ao som do Hino Nacional, as legendas afirmam que Bolsonaro "desafiou os poderosos por nós" e explora o antipetismo ao relacionar a oposição ao presidente à "esquerda corrupta e sanguinária". A peça defende Bolsonaro de forma genérica, afirmando que as crÃticas ao governo são "calúnias". Depois, diz que o presidente precisa do apoio "da famÃlia brasileira" contra "os inimigos do Brasil".
Na semana passada, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), acusou o Congresso de "chantagear" o governo e deflagrou uma crise. Heleno disse que o governo não pode ficar "acuado" pelo Congresso e orientou o presidente a "convocar o povo às ruas". Os ataques de Heleno foram motivados pela discórdia em relação à repartição dos recursos do Orçamento impositivo. Em reunião com ministros, Bolsonaro também disse que não pode ficar "refém" do Congresso, como revelou o Estado.
Captadas por transmissão oficial, as declarações do general e a convocação do ato causaram repúdio no Congresso. Na ocasião, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que Heleno virou um "radical ideológico". O Estado procurou o Planalto na terça, mas não obteve resposta. Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também não responderam.
Para o senador Major OlÃmpio (PSL-SP), que chegou a questionar se era o presidente o autor da mensagem, o episódio "é muito ruim para o PaÃs". "Vai dificultar qualquer ação do Executivo no Congresso."
Não é a primeira vez que o presidente compartilha conteúdo polêmico pelo WhatsApp. Em agosto de 2019, ele enviou texto que dizia que o Brasil é "ingovernável fora dos conchavos".
Generais
No segunda-feira, panfleto do ato assinado por "movimentos patriotas e conservadores" usou fotos dos generais Heleno, do vice-presidente, Hamilton Mourão, do deputado Roberto Peternelli e do secretário de Segurança Pública de Minas, Mário Lúcio Araújo. O texto dizia: "os generais aguardam as ordens do povo" e "fora Maia e Alcolumbre". Heleno e Mourão não se manifestaram. Já o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro, afirmou que "o uso de imagens de generais é grotesco". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.