Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 04:03
Abatido em pleno voo pelo gabinete do ódio que influencia o Planalto, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz constatou que a artilharia de grupos radicais não se limita aos conflitos armados, tal como vivenciou nas missões da ONU no Congo, país africano mergulhado em longa guerra civil. Os torpedos compartilhados na internet pelos radicais bolsonaristas que o derrubaram da Secretaria-Geral da Presidência, em junho de 2019, ainda provocam estrago em reputações e tumultuam o ambiente republicano. Na semana passada, Santos Cruz se manifestou contra um post no qual aparece a imagem de quatro generais, atualmente na reserva e lotados no Palácio do Planalto, vestidos de farda militar. “Isso aí não pode. Você está iludindo a população de que a instituição está bancando. Não é assim”, criticou Santos Cruz nesta entrevista ao Correio. O extremismo assume essa proporção, em parte alimentado pelo próprio estilo “explosivo” do presidente Bolsonaro, de seus ministros e seguidores mais exaltados. Mas, segundo o general, a sociedade brasileira está farta de tanta polarização: “O povo quer tranquilidade e desenvolvimento”. Militar com 48 anos de caserna e chefe da maior missão de combate realizada pela Organização das Nações Unidas, Santos Cruz diz não se abalar com “baixarias” e “tiroteios do Twitter”. E é categórico em relação aos nostálgicos do AI-5: “Isso aí é desconexão com a realidade. É caso clínico. Tem que levar ao psicólogo”.
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