Politica

Sergio Moro entra de vez no tiroteio político após fim do motim de PMs

Em rede social, Ciro Gomes provoca Sergio Moro e Bolsonaro, que respondeu desconfiando da sanidade do ex-presidenciável. Forças de segurança retomam o trabalho no Ceará

Correio Braziliense
postado em 03/03/2020 06:00
Depois que Cid foi baleado ao enfrentar amotinados, tropas federais foram para o estado restaurar a ordemO fim do motim dos policiais militares do Ceará deu vez a um tiroteio de ofensas entre integrantes do governo federal e o ex-candidato à Presidência Ciro Gomes. Ao longo do dia desta segunda-feira (2/3), o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o irmão do senador Cid Gomes (PDT-CE) promoveram um bate-boca pelas redes sociais. Moro, que chegou a dizer que não havia “situação de absoluta desordem”, destacou a participação dos ministério da Justiça e da Defesa nas ações para debelar o movimento, que levou caos para as ruas do estado.

A troca de provocações começou quando o ministro respondeu a uma crítica feita por Ciro, que, por uma rede social, fez críticas diretas ao presidente Jair Bolsonaro e a Moro. “Aprende, Bolsonaro e seu capanga Moro: no Ceará está o seu pior pesadelo! Generais, aqui manda a lei”, escreveu. Moro rebateu afirmando que existe a tentativa de explorar politicamente o caso. “A crise no Ceará só foi resolvida pela ação do governo federal, Forças Armadas e Força Nacional, que protegeram a população e garantiram a segurança. Explorar politicamente o episódio, ofender policiais ou atacá-los fisicamente, só atrapalha. Apesar dos Gomes, a crise foi resolvida”, escreveu o ministro.

O presidente endossou o contra-ataque de Moro. “Não somos psiquiatras! Parabenizo o ministro Moro e envolvidos”, escreveu. Durante o motim, o ministro da Justiça evitou criticar diretamente os policiais, e disse que apesar do movimento grevista ser ilegal, “não se pode tratar policiais como criminosos”. A Justiça decretou a prisão preventiva de pelo menos 43 PMs. Imagens publicadas por moradores mostram viaturas sendo usadas pelos grevistas para mandar o comércio baixar as portas em Sobral.

Resultados

Ao longo de 13 dias de greve, o Ceará registrou 241 mortes violentas. No mês de fevereiro fechado dia 27— sem o registro dos dados de dois dias —, 405 pessoas foram assassinadas, contra 261 registros de janeiro. Essa quantidade é a maior registrada desde março de 2018, quando foram 414 homicídios. Os PMs não conseguiram fazer com que o governo estadual concedesse um aumento maior do que o havia sido prometido, que chega a até 32% dos salários atuais. No entanto, a proposta prevê que seja feita uma melhor distribuição dos R$ 422 milhões destinados ao reajuste de salário até 2022. Uma das reclamações dos soldados era de que o aumento concedido para os oficiais eram mais elevado.

Moro foi ao Ceará com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o advogado-geral da União, André Mendonça, negociar com o governo e com os PMs. A situação ficou mais tensa depois de o senador licenciado Cid Gomes ir até a cidade de Sobral, e tentar avançar contra os grevistas com uma retroescavadeira — foi atingido por dois tiros e por pedradas. O parlamentar passou por atendimento médico e recebeu alta. O ministro afirmou que a normalidade foi restabelecida apenas com a atuação do governo federal por meio das Forças Armadas e das tropas da Força Nacional.

Os policiais amotinados impediram o restante da força, e mesmo da Polícia Civil, de trabalhar durante o período da rebelião, por meio de depredação de viaturas — muitas delas tiveram os pneus esvaziados ou furados. Houve momentos em que, mascarados, os rebeldes aproveitaram esta encapiuzados para aterrorizar o comércio e obrigar lojistas a baixar as portas.

Pelo menos 43 policiais tiveram as prisões preventivas autorizadas pela Justiça, acusados de participar do motim e de dano ao patrimônio. A Assembleia Legislativa do Ceará deve votar hoje uma proposta de emenda à Constituição local, que proíbe que policiais envolvidos em movimentos grevistas, paralisações e motins seja anistiados. O texto foi enviado pelo governador Camilo Santana (PT).

Já o Ministério Público abriu investigação para apurar se esses amotinados violaram a Lei de Segurança Nacional; 230 PMs estão sendo investigados, acusados de participação e organização do movimento. Por determinação do governo estadual, foram afastados por 120 dias e obrigados a entregar armas e distintivos. Também ficarão de fora da folha de pagamento até que a apuração acabe. As tropas do Exército devem ficar até sexta-feira no Ceará, mesmo com os policiais retomarem a segurança ostensiva.

Negociações seguem em outros estados

Policiais militares da Paraíba chegaram a anunciar uma paralisação de 12 horas, no início de fevereiro, mas o protesto não foi levado adiante. As negociações com o governo, por reajuste salarial, prosseguem, mas em clima tenso. Já em Minas Gerais, no Espírito Santo, em Goiás, em Pernambuco e no Mato Grosso do Sul ocorrem mobilizações em torno de reajuste, só que não está previsto que as tropas cruzem os braços. No caso de São Paulo, embora exista um movimento em prol do aumento de salário, as entidades de classe dizem que não existe chance de motim.

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