Politica

Guedes pede a movimentos civis que apoiem as reformas

Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 04:04
O ministro afirmou, em reunião com grupos de apoiadores, que objetivo é aprovar tudo em 15 semanas


Apesar das idas e vindas na relação entre o Executivo e o Congresso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda pretende aprovar, até julho, as principais medidas econômicas prometidas pelo governo para este ano — a reforma tributária, a reforma administrativa e o pacto federativo. O cronograma foi apresentado pelo ministro ontem, em uma reunião, às escondidas, com movimentos civis de direita. E coincide com o prazo que parece ter sido dado pelo presidente Jair Bolsonaro para a equipe do ministro mostrar resultado.

O cronograma de Guedes foi apresentado a movimentos civis que já apoiam a agenda econômica liberal antes mesmo do governo de Jair Bolsonaro, como o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem pra Rua e o Brasil 200. E também a porta-vozes do movimento Nas Ruas, que está à frente da manifestação convocada para o próximo dia 15 em defesa de Bolsonaro, mas também em protesto contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). A apresentação ocorreu no meio de uma conversa que já havia sido solicitada há mais de um mês pelos movimentos civis, que querem traçar uma estratégia de apoio à reforma tributária nas redes sociais, como aconteceu durante a reforma da Previdência, mas que acabou acontecendo de forma improvisada ontem.

A reunião de Guedes com os movimentos civis estava na agenda do ministro, mas acabou cancelada pelo Ministério da Economia logo na segunda-feira à noite. Na manhã de ontem, portanto, em vez de receber esses grupos no ministério, como estava previsto, Guedes conversou com Bolsonaro. Depois disso, contudo, foi almoçar com os representantes dos movimentos civis na casa do secretário especial de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, em uma agenda que não foi informada à imprensa.

Guedes e Mattar, por sinal, não falaram nada sobre o encontro, mas quem esteve lá relatou que o ministro aproveitou a disposição dos movimentos em apoiar a reforma tributária para apresentar — e indiretamente pedir apoio — ao seu calendário de trabalho. É um cronograma que prevê a aprovação das reformas tributária e administrativa e das três propostas de emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo ainda neste primeiro semestre, antes do recesso parlamentar do meio do ano.

“O ministro listou os projetos prioritários para o Ministério da Economia e mostrou quais são os prazos necessários para a tramitação das matérias mais relevantes até o recesso do Congresso, em julho”, informou o Vem pra Rua, em comunicado emitido após a reunião. “O objetivo é aprovar tudo no primeiro semestre. Em 15 semanas”, confirmou o coordenador do MBL, Rubinho Nunes.

Administrativa
O calendário de Guedes, porém, é apertado e já está até atrasado, pois previa o envio da reforma administrativa até a semana passada. O ministro prometeu, mais uma vez, enviar o projeto para o Congresso nos próximos dias.

Os movimentos civis avaliaram, portanto, que só é possível cumprir esse calendário caso o Executivo, de fato, envie logo a reforma administrativa e caso o Congresso continue disposto a tocar a agenda econômica do governo, como já indicou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mesmo depois dos últimos atritos com o governo. “Dá tempo, mas depende dos prazos de envio”, frisou Nunes, admitindo que, caso haja impasse nesses prazos, alguma coisa pode ficar para o segundo semestre. “Sabemos que é difícil determinar prazos no Congresso, porque ainda há muita discussão para acontecer. Vamos acompanhar o andamento das comissões”, acrescentou a coordenadora do Vem pra Rua em Brasília, Celina Ferreira.

Deixar essas pautas para o segundo semestre, porém, pode não ser interessante para o governo. Afinal, muitos parlamentares vão voltar suas atenções para as eleições municipais, depois de julho, mas Bolsonaro quer ver uma melhora na economia antes disso. Por isso, parece ter dado um prazo para Guedes mostrar resultado. Há alguns dias, quando o ministro e o presidente entraram em atrito por conta da reforma administrativa, comentou-se que o presidente teria exigido que a economia desse sinais de recuperação até julho, para que o atual ritmo lento de recuperação não interferisse no desempenho dos seus candidatos nas eleições de outubro. Esse seria, então, o prazo de Guedes no superministério da Economia.

“O ministro listou os projetos prioritários para o Ministério da Economia e mostrou quais são os prazos necessários para a tramitação das matérias mais relevantes até o recesso do Congresso, em julho”
Trecho do comunicado do Vem pra Rua


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