Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 04:15
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News pedirá novas quebras de sigilo de investigados, depois que o comando da CPMI recebeu um documento oficial do Facebook, que revelou que uma das páginas usadas para direcionar ataques virtuais contra adversários de Jair Bolsonaro era administrada por Eduardo Guimarães, assessor do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A página, cujo nome é Bolsofeios, havia sido apontada pela líder do PSL, Joice Hasselmann (SP), em seu depoimento no colegiado, como parte do grupo que coordena os linchamentos virtuais, inclusive, de aliados do presidente da República.“O documento é verdadeiro”, afirmou a deputada Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPMI. “A informação procede, o número é do assessor de Eduardo Bolsonaro. Agora, vamos ver que medidas tomar a partir daí. O que ocorreu demonstra que estamos certos ao entender que a prioridade é quebrar o sigilo desses números”, destacou a parlamentar.
A descoberta vem em um momento complexo para a ala bolsonarista do PSL. De volta à liderança do partido, Joice, que também foi vítima dos ataques pelas redes sociais, deverá retirar a tropa de choque escalada para defender o presidente na CPMI. Entre os integrantes que perderão a vaga está, justamente, Eduardo, em cujo gabinete o administrador da Bolsofeios está lotado.
O filho do presidente é alvo de três pedidos de cassação de mandato na Comissão de Ética e Decoro da Câmara, e sofre com a animosidade de colegas que poderiam ajudá-lo, pois compartilhou um dos vídeos convocando a população para as manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Permissão “absurda”
Lídice classificou como “absurda” a permissão do deputado para gerir, do próprio gabinete, uma das páginas destinadas a destruir reputações. “A Câmara terá que tomar medidas punitivas. Não se pode fazer isso. Ainda mais usando a rede e o espaço para esse tipo de atividade. É uso do recurso público”, criticou.
A quebra de sigilo é uma resposta ao requerimento do deputado Túlio Gadelha (PDT-PE). O documento do Facebook é sigiloso, mas seu conteúdo foi obtido pelo site UOL, que revelou que, além do número do assessor e do IP da Câmara, o e-mail utilizado na página é o mesmo que os funcionários de Eduardo Bolsonaro utilizam para comprar passagens de avião e marcar estadias em hotéis em nome do deputado. A página consta em um organograma entregue à CPMI por Joice, em 4 de dezembro.
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