Politica

Saída de Amoêdo da presidência do Novo era previsível, avaliam políticos

Após uma década dedicada à idealização da sigla, o ex-presidenciável decidiu se desligar do diretório nacional do Novo sob a alegação de que ''toda instituição, baseada em valores e ideias precisa de renovação nos seus comandos, para seguir amadurecendo e crescendo''

Correio Braziliense
postado em 07/03/2020 06:00

Após uma década dedicada à idealização da sigla, o ex-presidenciável decidiu se desligar do diretório nacional do Novo sob a alegação de que ''toda instituição, baseada em valores e ideias precisa de renovação nos seus comandos, para seguir amadurecendo e crescendo''A saída repentina de João Amoêdo da presidência do Novo, na última quinta-feira (5/3), surpreendeu até a integrantes da própria legenda, mas políticos filiados ao partido avaliam que o afastamento dele já era algo previsível. Após uma década dedicada à idealização da sigla, o ex-presidenciável decidiu se desligar do diretório nacional do Novo sob a alegação de que “toda instituição, baseada em valores e ideias precisa de renovação nos seus comandos, para seguir amadurecendo e crescendo”.

 

Parlamentares da legenda avaliam que a decisão de Amoêdo mostra que ele “entendeu o momento” do Novo e de que era preciso “trazer mais ousadia para o partido, sem abandonar nenhum dos valores da sigla”. Segundo o deputado federal Alexis Fonteyne (SP), Amoêdo tinha o receio de deixar o partido crescer e, com isso, perder a identidade moldada por ele desde a fundação do Novo.

 

“O João teve o trabalho de construir o Novo e de fazer funcionar. Há algum tempo, temos percebido que é preciso avançar e ele, que passou por todo o processo de construção e lidou com todas as dores desse processo, acabou se apegando muito nos valores mais antigos do partido. Isso acabou dificultando o desafio de ele administrar o crescimento do Novo, e o deixou desgastado”, explicou. “Mas não é nenhuma perda. É um processo de continuidade, não de ruptura. É uma mudança boa. Ele escolheu um bom sucessor e o partido deve ganhar em agilidade com uma figura que é admirada, como o Eduardo (Ribeiro)”, acrescentou Fonteyne.

 

Eduardo Ribeiro, substituto de Amoêdo como presidente do Novo, já integrava o diretório nacional da legenda e foi presidente do diretório estadual do partido em Santa Catarina. Em seu primeiro pronunciamento à frente do cargo, ele agradeceu às mensagens de apoio e “ao obstinado João Amoêdo e seu legado”. “A maioria de nós jamais teria imaginado entrar para a política se não fosse por ele”, garantiu Ribeiro, que prometeu “dedicação total, comprometimento e lealdade aos nossos princípios e valores”.

 

Mesmo fora da presidência do partido, Amoêdo seguirá filiado à sigla e fará parte da Fundação Brasil Novo como membro do Conselho Curador. Em comunicado divulgado pelas redes sociais, ele frisou que é necessário “lembrar sempre o nosso objetivo primordial: melhorar de forma sustentável a qualidade de vida do maior número de pessoas, o mais rápido possível”. “Manter a coerência, a humildade e fazer o certo fazem parte do DNA do Novo”, destacou o candidato à presidência da República em 2018.

 

Amoêdo ainda analisou que o Novo “ainda é uma instituição jovem, mas que já apresenta resultados relevantes e serve como exemplo de boas práticas na política”. “Entretanto, somos e seremos continuamente testados e inúmeras vezes pressionados para utilizar atalhos e adotar procedimentos usuais da velha política. A separação entre a atuação política e a gestão partidária, uma das inovações do Novo, e a nossa visão de longo prazo, são os antídotos para isso”, afirmou.

Eleições municipais

Amoêdo também comentou que vai auxiliar as candidaturas do partido nas eleições deste ano. Para o deputado federal Tiago Mitraud (MG), isso será fundamental para o Novo ampliar o número de eleitos nos municípios: atualmente, a legenda conta com três vereadores e nenhum prefeito. “Pode ser um ponto positivo a nosso favor. Ele já demonstrou o interesse de continuar contribuindo como voluntário, e agora que vai ter mais tempo e liberdade, pode estar mais próximo das campanhas que ele acha que pode ter uma contribuição maior”, disse o parlamentar.

 

Mitraud acredita que a mudança na liderança do Novo também será benéfica para “garantir uma oxigenação interna” ao partido. “Os resultados do Eduardo em Santa Catarina são bastante positivos. Além disso, ele é jovem (31 anos). Portanto, sabendo do intuito do Amoêdo de trazer renovação, acho um ótimo nome. A expectativa é a melhor possível para que ele ajude o Novo na oxigenação que precisamos para seguir evoluindo”, pontuou. 

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