Politica

Regina Duarte fala em solenidade do Dia Internacional da Mulher

Secretária especial de Cultura, a atriz enaltece conquistas das mulheres e defende que elas sejam ''mais parceiras de seus companheiros''

Correio Braziliense
postado em 07/03/2020 07:00
A atriz no evento do Dia Internacional da Mulher: ''Acho que houve muitas conquistas extraordinárias e também muitas perdas''Em seu primeiro dia de trabalho como secretária especial da Cultura, Regina Duarte participou, ontem, da solenidade do Dia Internacional da Mulher, no Palácio do Planalto. A data é comemorada amanhã. Durante o discurso, a atriz relembrou um de seus principais papéis vividos na televisão, na pele de Chiquinha Gonzaga. Ela ressaltou que a compositora, pianista e maestrina foi a pioneira do feminismo.

“Eu me lembro, agora, de várias personagens que já interpretei, que são muito representativas e que me acrescentaram muito como mulher. Gostaria de destacar Chiquinha Gonzaga, que foi uma pioneira do feminismo, mantendo toda a sua feminilidade, uma mulher de cultura, criadora de músicas que ficaram para sempre no nosso cancioneiro”, ressaltou. É de autoria dela, por exemplo, a marchinha carnavalesca Ô, abre alas.

Ao mesmo tempo, se adequando ao discurso do governo, que costuma criticar o termo feminismo, a nova secretária defendeu o papel da mulher na sociedade e no cuidado da família, dizendo que elas devem ser mais parceiras de seus companheiros. “Nós mulheres estamos vivendo um momento bastante difícil, de transições. Acho que houve muitas conquistas extraordinárias e também muitas perdas. Gostaria de falar do quanto a família precisa dessa mulher equilibrando e rodando esses pratos da sua enorme responsabilidade na sociedade, dedicando mais tempo às crianças e, com isso também, sendo um ser social ativo, participante e criador”, destacou. “Acho que isso se reflete na dificuldade, e essa é a grande meta de desafios que nós mulheres temos que enfrentar daqui para a frente.”

No evento, também estiveram o presidente Jair Bolsonaro; a primeira-dama. Michelle Bolsonaro; a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; o vice-presidente Hamilton Mourão e a esposa dele, Paula Mourão.

A primeira-dama, Michelle, repreendeu Bolsonaro por ele conversar com Mourão enquanto ela discursava: “Psiu, posso continuar?”, disse ao microfone. A bronca arrancou risadas dos presentes na cerimônia. Michelle fez um discurso semelhante ao do chefe do Executivo no ano passado. Em 2019, Bolsonaro disse que “duas ministras valiam por 10 homens”. O presidente não discursou, mas, ao fim do evento, pegou o microfone e se declarou para Michelle: “Enquanto houver mar, eu sempre vou te amar”, disse.

Nada a comemorar
Damares Alves, por sua vez, declarou que não há motivos para festa neste 8 de março. “Não temos muito a comemorar, porque há mulheres esquecidas. Essas mulheres começam a ser acolhidas pelo governo federal”, disse. Segundo ela, o Executivo trabalha em prol das indígenas, idosas, cristãs e mães de pessoas com deficiência, autismo e de doenças raras, categorias “esquecidas” em anos anteriores. “Estamos comemorando o Dia das Mulheres. Eu sonho que a gente não precise mais de um dia para comemorar o Dia das Mulheres, que todos os dias seja um dia de reflexão”, discursou.

Ela citou a prática de estupro coletivo em aldeias indígenas. “Existe um ritual em alguns povos chamados Puxxirum. Significa mutirão. Em alguns povos, escolhem-se mulheres e meninas para fazer um mutirão sexual com ela. Mutirão sexual, para mim, é estupro coletivo. Existem muitas aldeias que ainda fazem estupro coletivo”, ressaltou. “Vamos cuidar, sem criminalizar esse índio, sem fazer interferência cultural, (nem colocar esse índio na cadeia. Nós vamos dialogar com os povos.” E emendou: “Entendam comigo que ainda existem mulheres que passam por estupro coletivo em áreas indígenas em nome da cultura. É essa mulher que o governo Bolsonaro vai lá buscar e dizer: ‘Cultura que dói não é cultura’”.

Ela reconheceu o aumento da violência contra a mulher e que a luta é para que todas as delegacias tenham um núcleo especializado na área. Segundo a ministra, em menos de três anos, é possível sair de 9% para 100% dos municípios com delegacias da mulher. “Ainda somos um dos países que mais mata mulher no mundo, mas vamos trabalhar para mudar isso”, concluiu.

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