Correio Braziliense
postado em 07/03/2020 04:12
Um grupo de senadores tem aumentado a sua influência e aumentado a capacidade de se tornar uma pedra no sapato de Davi Alcolumbre (DEM-AP) na busca pela reeleição à presidência da Casa, em 2021. Com 22 membros dos mais variados partidos — desde a Rede, à esquerda, até o PSL, mais à direita —, o Muda Senado coaduna nas pautas anticorrupção, pela prisão após condenação em segunda instância e nas reformas econômicas. E, embora o grupo não possua uma estrutura hierárquica, os membros têm no líder do Podemos, Álvaro Dias (PR), seu principal articulador. A meta é chegar a 2021 com 30 integrantes e um maior poder de decisão sobre a pauta da Casa.
Embora haja uma proibição legal para a reeleição numa mesma legislatura, Alcolumbre se apega a manobras usadas por antecessores para se manter na cadeira. Ocorreu, por exemplo, com o senador Antônio Carlos Magalhães, em janeiro de 1999. Ele conseguiu aprovar, na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça um parecer favorável à artimanha, que levava a assinatura da advocacia da instituição. Assim, foi reconduzido graças a um placar de 70 votos favoráveis, apenas três contrários e sete abstenções.
Apoiadores de Alcolumbre afirmam que, no caso atual, bastaria uma alteração no regimento. Quando foi eleito para o cargo, no lugar de Calheiros, ele contou com o apoio de senadores que hoje compõem o Muda Senado e que trabalharam justamente para renovar a presidência da Casa. O demista, no entanto, se afastou do grupo no correr de 2019, à medida que se aproximava do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e costurava acordos com o governo. A gota d’água ocorreu quando ele paralisou a tramitação do projeto de lei da prisão após condenação em segunda instância, em favorecimento à proposta de emenda à Constituição (PEC), de mesma finalidade, que tramita na Câmara.
Apesar de ainda não haver consenso, o grupo conta com vários nomes para disputar a presidência com Alcolumbre. Entre os potenciais candidatos estão o próprio Álvaro Dias, Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Eduardo Girão (Podemos-CE), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Leila Barros (PSB-DF) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO).
Veto presidencial
O Muda Senado também foi protagonista na manutenção de parte do veto do presidente Jair Bolsonaro a trechos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que previa que a prioridade de execução de R$ 30,1 bilhões em emendas parlamentares seria decidida pelo relator-geral do Orçamento, deputado Domingos Neto (PSD-CE).
Álvaro Dias é duro ao falar de Alcolumbre e do governo Bolsonaro, embora apoie as reformas econômicas do Executivo. “O presidente pilotou o acordo de derrubada do veto, e depois, ainda encaminhou três projetos que reeditam o trecho vetado. Isso representa a manutenção da derrubada do veto”, frisou. “Não concordamos e vamos tentar alterar o projeto por emendas. Se não formos bem-sucedidos, vamos tentar derrubar.”
“O Muda Senado vai bem exatamente por não ter líder. Logicamente, eu acredito que nós caminhamos muito firmes para ter uma candidatura. Gostaria de apoiar alguém que fosse de dentro do próprio grupo, porque temos sintonia de objetivos”
Major Olímpio, senador
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.