Correio Braziliense
postado em 07/03/2020 20:32
A convocação do presidente Jair Bolsonaro a seus seguidores para comparecer à manifestação no dia 15 de março desagradou a lideranças na Câmara dos Deputados, que veem uma tentativa do governo de criar uma "cortina de fumaça" para o desempenho ainda baixo do crescimento econômico do PaÃs.
"Acho que o presidente ao invés de insuflar manifestações deveria estar construindo condições para concentrar os esforços na solução do que realmente interessa", avalia o lÃder do Democratas na Câmara, Efraim Filho (PB).
Em Boa Vista, Roraima, o presidente convocou os brasileiros a participar da manifestação e afirmou que o movimento é "espontâneo", rechaçando qualquer investida contra o Congresso Nacional ou o Judiciário. "O polÃtico que tem medo de movimento de rua não serve para ser polÃtico", disse Bolsonaro.
A declaração vem um dia após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), subir tom nas crÃticas ao governo e dizer que o entorno do governo tem uma estrutura para "viralizar o ódio" por meio de fake news.
Para Efraim Filho, o foco da agenda do PaÃs não pode ser a "disputa entre poderes". Na avaliação do lÃder, a agenda prioritária é a retomada do crescimento econômico. "A agenda do Brasil hoje é da retomada do desenvolvimento, recuperação dos empregos e o enfrentamento da epidemia do coronavÃrus", diz.
O lÃder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), afirma que Bolsonaro usa a convocação para as manifestações como manobra para tirar o foco do desempenho da economia. Nesta semana, o IBGE divulgou que a economia brasileira cresceu 1,1% em 2019, numa desaceleração ante os dois anos anteriores.
"Ele (Bolsonaro) precisou retomar (o assunto) porque ele quer ofuscar os resultados econômicos que nós tivemos essa semana. Afinal de contas, o PIB de 1%, o dólar chegando a R$ 5,00, a Bolsa de Valores como está, nós sabemos que não é só coronavÃrus", afirmou. O petista acredita que a convocação por Bolsonaro é uma forma "desviar a atenção".
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