Politica

Um encontro sem resultado concreto

Bolsonaro e Trump jantam, debatem questões econômicas, a crise na Venezuela, mas não se pronunciam. Expectativa é de que medidas sejam anunciadas hoje

Correio Braziliense
postado em 08/03/2020 04:04
Trump e Bolsonaro posam antes do jantar oferecido pelo presidente dos EUA, no resort de Mar-a-Lago


O presidente Jair Bolsonaro jantou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ontem, logo depois que desembarcou em solo americano para a sua quarta visita oficial ao país. No encontro, os dois trataram de questões econômicas e também da crise na Venezuela. Porém, não houve anúncio de nenhuma medida concreta, o que deve acontecer somente hoje, durante a visita da comitiva brasileira ao Comando Militar do Sul dos EUA.

Bolsonaro foi recebido por Trump no resort do presidente americano, em Mar-a-Lago, nas proximidades de Miami. Os dois posaram para fotos na entrada, logo no início do encontro, em uma rápida aparição, em que Trump fez elogios, mas também não garantiu muita coisa para o Brasil.

“Ele está fazendo um grande trabalho. O Brasil o ama, e os EUA o amam”, começou o presidente americano. Trump ainda disse que os dois líderes têm uma boa relação e garantiu que os Estados Unidos sempre “ajudarão o Brasil”. Logo depois, quando foi questionado se poderia impor tarifas a produtos brasileiros, o presidente americano disse, por sua vez, que não faz promessas.

Já Bolsonaro não havia comentado o saldo da reunião com Trump até o fechamento desta edição. Antes de embarcar, contudo, contou que pretendia discutir “ações para aprofundar a cooperação entre Brasil e EUA nas áreas comercial, econômica e de defesa”. A ideia, cogitada já há algum tempo pelo governo, é firmar um acordo comercial com os Estados Unidos e também avançar em parcerias de inteligência e defesa.

Fontes do alto escalão do governo americano confirmaram que o assunto entrou em pauta e que há “clara vontade política” de Trump de avançar nas negociações de um acordo comercial abrangente com o Brasil. Essas mesmas fontes contaram, contudo, que a questão foi discutida sem perspectiva de anúncios de medidas concretas.

Chineses
Um dos fatores que pode ter pesado nessa negociação é o fato de que Trump não tem gostado da ideia de que a chinesa Huawei pode ser a responsável pela implementação do 5G no Brasil, em detrimento de uma representante norte-americana. A empresa é apontada como principal concorrente no leilão que será lançado pelo governo brasileiro para a tecnologia porque já vem fazendo testes no Brasil.

Nos encontros recentes com o governo brasileiro, contudo, os americanos têm manifestado que as parcerias em áreas de inteligência e defesa com o Brasil ficarão prejudicadas se o país admitir a entrada da chinesa para operar o 5G. Fontes do alto escalão do governo americano afirmaram que os EUA querem que o Brasil considere a possível entrada dos chineses na rede 5G como uma “questão de segurança nacional”. Por isso, o tema está em estudo no governo brasileiro.

O que Trump quis tratar com mais ênfase durante o jantar com Bolsonaro, portanto, foi mesmo a situação da Venezuela. O governo dos EUA vem impondo uma série de sanções aos aliados de Nicolás Maduro e, segundo fontes do governo americano, deve anunciar nos próximos dias mais medidas de pressão contra o presidente venezuelano. E o governo do Brasil, assim como o da Colômbia, tem apoiado essa estratégia de tentar forçar a derrubada do regime chavista na Venezuela.

Defesa
O anúncio de novas parcerias ficou, portanto, para hoje. A expectativa é de que o Brasil e os EUA anunciem uma joint venture para o desenvolvimento conjunto de novos armamentos. E o assunto será tratado logo na primeira agenda oficial do brasileiro: uma visita ao Comando Militar do Sul, que é a unidade das Forças Armadas americanas responsável pela cooperação de segurança e operações militares nos países da América Central e do Sul.

O Comando explicou que esta é a primeira vez que um presidente brasileiro visita o local e disse que Bolsonaro será recebido pelo almirante Craig Faller para discutir a “crescente parceria de defesa-cooperação entre o Brasil e os Estados Unidos”.

“Durante a visita, os EUA e o Brasil assinarão um Acordo bilateral sobre Projetos de Desenvolvimento, Teste e Avaliação de Pesquisa, que ampliará as oportunidades para os dois países colaborarem e compartilharem informações sobre o desenvolvimento de novas capacidades de defesa”, detalhou o órgão norte-americano.

Bolsonaro fica nos Estados Unidos até terça-feira à tarde. Ele também vai visitar a fábrica da Embraer em Jacksonville; participará do Seminário Empresarial Brasil-Estados Unidos na Flórida e da Conferência Internacional Brasil-Estados Unidos; e se encontrará com a comunidade brasileira na Flórida.


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