Politica

Economia passa a ser o mote

Correio Braziliense
postado em 08/03/2020 04:04
Depois da repercussão negativa da proposta inicial dos protestos, com viés anti-Congresso e anti-Supremo Tribunal Federal, o direcionamento da manifestação tem migrado para um lado mais pró-governo e pela aprovação de pautas econômicas. Alguns grupos se encontraram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, semana passada, para discutir o assunto. A mudança, longe de ser um sinal de mais equilíbrio, é estratégica, avaliou Creomar de Souza, analista da consultoria Dharma.

O problema é que uma pauta pró-Bolsonaro e a favor de reformas é muito ampla, ressaltou o analista político Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva. “Existe um problema de fundo, que é o fato de o governo não ter proposto oficialmente nada ainda em termos de reforma”, ressaltou.

Apesar de reforçarem que o foco é apoiar o governo, manifestantes ainda compartilham cards e propagandas com frases contra o parlamento. Para Leandro Gabiati, diretor da consultoria Dominium, “ainda que o governo tente dar outro rumo, o sinal dado implicitamente será de pressão e crítica ao parlamento”.

Desde o impeachment 
A mobilização popular pró-bolsonariana é articulada por movimentos nascidos nas ruas durante as manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. 

Maior movimento que encabeça as manifestações, com mais de 1,7 milhão de seguidores no Facebook, o Avança Brasil se define como conservador, “livre e de bons costumes”. Entre as reivindicações declaradas estão o combate ao parlamentarismo branco, o respeito à Constituição Federal, à separação entre poderes e ao resultado das eleições.

Membro do conselho executivo do Avança, o empresário Eduardo Platon afirmou que, mesmo após o Congresso manter os vetos do Orçamento Impositivo, não existe um enfraquecimento das manifestações em função da vitória. “Monitoramos o momento político, ou seja, o calor não é criado e, sim, canalizado. Vamos para frente dos congressistas, em combate com aqueles que não atuam de maneira exemplar, pro meio da pressão nas ruas”, argumentou.

Quem também faz coro ao chamamento popular é o movimento Nas Ruas, fundado em 2011 com proposta de “combate à corrupção e à impunidade” e, atualmente, com quase 1 milhão de seguidores no Facebook.

Já o Movimento Conservador divulgou a manifestação por meio de um vídeo, o mesmo compartilhado pelo próprio presidente em grupos nas redes sociais. Nas legendas, Jair Bolsonaro é definido como “trabalhador, incansável, cristão, patriota, capaz, justo e incorruptível”

Nas redes sociais, o movimento do dia 15 é puxado por parlamentares, ativistas e blogueiros que apoiam o governo. Entre os parlamentares da base do governo no parlamento, o apoio é constante. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é uma das principais propagandistas das convocações, embora evite citar que a mobilização tenha como alvo o Congresso e o STF. A parlamentar faz postagens diárias sobre o tema. Ao lado dela está a deputada Bia Kicis (PSL-DF), que também se mobiliza em torno da agenda de movimentações. Ambas têm aparecido nos últimos protestos favoráveis ao governo.

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