Politica

Presidente da Fundação Palmares alfineta Regina Duarte após entrevista

A nova secretária de Cultura é chefe de Sérgio Camargo e o chamou de ativista e ''problema'' a ser resolvido

Correio Braziliense
postado em 09/03/2020 13:40

presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio CamargoO presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, alfinetou na manhã desta segunda-feira (9/3), no Twitter, a nova secretária especial de Cultura, Regina Duarte. “Bom dia a todos, exceto a quem chama apoiadores do Bolsonaro de facção e o negro que não se submete aos seus amigos da esquerda de ‘problema que vai resolver’”, escreveu o jornalista.


A frase é uma resposta a Regina, que em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, chamou o presidente da Fundação de ativista e “problema” a ser resolvido. Questionada sobre o que faria com Sérgio Camargo, regina respondeu: “Voltamos aí a essa situação da política que interfere no fazer cultural, na medida que temos uma pessoa que é um artista, mais do que um gestor público. Eu estou adiando esse problema, porque essa é uma situação muito aquecida. Não quero que esse desequilíbrio que eu estou percebendo aí ganhe mais espaço. Quero que baixe um pouco a temperatura, e logo logo a gente vai ver.”


Sérgio já foi amplamente criticado por declarações que diminuem a luta antirracista, afirmando, por exemplo, que a "escravidão foi benéfica para os descendentes". Ele também já disse que cotas raciais para negros são um absurdo, que o “racismo real existe nos EUA” e já defendeu o fim do Dia da Consciência Negra.


A nomeação dele para a presidência da Fundação Palmares, que cuida justamente de assuntos relacionados à preservação histórica e cultural da comunidade negra no Brasil, chegou a ser suspensa pela Justiça Federal. No mês passado, entretanto, a decisão foi derrubada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ele voltou ao comando da instituição

 

Foto com Bolsonaro

 

Na semana passada, em meio à polêmica sobre demissões e novas nomeações na Secretaria da Cultura com a entrada de Regina Duarte, o presidente Jair Bolsonaro publicou uma foto ao lado de Sérgio Camargo — algo que foi compartilhado pelo presidente da Fundação Palmares. No mesmo dia, Sérgio escreveu em seu Twitter: "Informo para que não restem dúvidas. Estou confirmadíssimo na presidência da Fundação Cultural Palmares, com respaldo do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio".

 

 

Um dia depois das publicações, o Diário Oficial da União (DOU) registrou uma série de demissões. Uma delas foi a de Dante Mantovani, que ocupava a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e é aluno do escritor Olavo de Carvalho. Ele havia sido nomeado em dezembro do ano passado. Na ocasião, houve grande repercussão devido a posicionamentos de Mantovani em um canal no YouTube. Em alguns dos vídeos publicados, ele afirma que "o rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo". 

 

No mesmo dia, em seu discurso de posse, Regina Duarte falou que aceitou o cargo sob a promessa de ter "carta branca" — expressão que significa ter a possibilidade de atuar da forma livre, escolhendo sua equipe de forma autônoma.  "O convite que me trouxe até aqui falava de porteira fechada, carta branca. Não vou esquecer não, hein, presidente?, afirmou. 

 

O presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, lembrou que manterá seu poder de veto."Regina, todos os meus ministros também receberam seus ministérios sob porteira fechada. É um linguajar político. Ou seja, ele tem liberdade para escolher seu time. Obviamente, em alguns momentos, eu exerço poder de veto em alguns nomes. Já o fiz em todos os ministérios. Até para proteger a autoridade, que, por vezes, desconhece algo que chega ao nosso conhecimento. Isso não é perseguir ninguém; é colocar o ministério, as secretarias, na direção que foi tomada pelo chefe do Executivo", disse. 

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