Correio Braziliense
postado em 14/03/2020 04:13
No coração do funcionalismo público federal, servidores estão imunes ao pânico que contaminou diferentes partes do mundo com a pandemia da Covid-19. Ontem o clima na Esplanada dos Ministérios era de tranquilidade, mas era possível identificar sinais de prevenção nos prédios públicos e arredores. Nos últimos dois dias, o Ministério da Economia divulgou um conjunto de regras para disciplinar o comportamento dos funcionários do governo federal.
Nas entradas dos prédios da Esplanada, o movimento de servidores estava normal. Ninguém portava máscara. As pessoas se aglomeravam próximo a bancas de comida, em uma frequência habitual para uma sexta-feira. A servidora Elaine Meire, do Ministério de Desenvolvimento Regional, conta que o trabalho continua regularmente. “Todos seguem com a rotina normal e utilizam álcool em gel. Máscaras ainda não vi ninguém utilizando”, relatou.
Alana Ingrid e Carlete Paiva, colegas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, observaram algumas pessoas utilizando máscaras. “O clima está normal, apesar de alguns já usarem máscara. Alana, por exemplo, tem álcool em gel na mesa, mas é uma das poucas”, contou Carlete. Já Alana disse que um “funcionário está um pouco mais preocupado por ser idoso e fazer parte do grupo de risco”. “O ambiente está normal. Os servidores usam álcool em gel, deixando janelas abertas e evitando o ar-condicionado. No restaurante já separaram as mesas” relata o servidor Frederico Araújo, do Ministério da Economia.
“Cada mesa tem álcool em gel. Inclusive hoje, o pessoal na saída vai entregar para cada servidor”, contou Leandro Cardoso, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. No Ministério da Educação, funcionários que não quiseram se identificar relataram utilizar o álcool em gel somente na recepção, pois em alguns corredores o produto não estaria disponível. Também contaram que o restaurante pode ser fechado para o público externo, e que alguns funcionários utilizam o item de higiene apenas no trabalho por não ter encontrado em farmácias.
“O clima está igual como no Brasil, de precaução. Nos corredores possui álcool em gel, mas ainda não vi ninguém de máscara por não ter necessidade. Para mim as informações estão suficientes”, disse Luciana Ferreira, servidora do Ministério da Defesa. No Ministério da Justiça e Segurança Pública, segundo Joel Luis, “álcool em gel está sendo reposto para não faltar”. O servidor também adota medidas para se prevenir. “Tenho mais cuidado e atenção e evito dar muitos abraços e apertos de mão, lavo as mãos e verifico se tem álcool em gel por perto”, comentou.
Em nota enviada ao Correio, os Ministérios da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; da Economia; da Educação; e o de Cidadania afirmam que seguem a Instrução Normativa 19, além de protocolos determinados pelo Ministério da Saúde para a prevenção do coronavírus. Os demais não responderam os questionamentos enviados pelo jornal.
Na Rodoviária do Plano Piloto, na fila da linha 108, que faz a ligação Rodoviária — Esplanada, três passageiros utilizavam máscaras e limpavam as mãos com álcool em gel. Dentro do ônibus, a lotação de passageiros era normal para o horário de almoço.
Normas publicadas
Os servidores do Executivo seguem as Instruções Normativas 19 e 20 publicadas no Diário Oficial da União (DOU) ontem e na última quinta-feira. As normas estabelecem orientações quanto às medidas de proteção para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (Covid-19). O texto da Normativa número 20 prevê que todos os funcionários públicos que realizarem viagens internacionais, a serviço ou particular, deverão trabalhar de casa por sete dias, contando desde a data de retorno ao Brasil, mesmo que não apresentem sintomas.
A publicação complementa outra Normativa, a número 19, publicada no último dia 12 no DOU. Nela, ficou previsto que todos os órgãos e entidades públicas deverão organizar campanhas de conscientização dos riscos e das medidas de prevenção à Covid-19. Além disso, deverão reavaliar a necessidade de realização de viagens internacionais a serviço programadas enquanto durar o estado de emergência de saúde pública. Também deverão rever realizações de eventos e reuniões com elevado número de participantes.
O texto pontua que os atestados de afastamento médico dos funcionários poderão ser recebidos no formato digital. O empregado público deverá encaminhar no prazo de até cinco dias contados da data da sua emissão. O documento original deverá ser apresentado no momento da perícia oficial ou quando solicitado pelo dirigente de gestão de pessoas do órgão ou entidade.
Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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