Correio Braziliense
postado em 15/03/2020 17:54
O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não comentaram até o momento a presença do presidente Jair Bolsonaro em manifestação pró-governo, anti-Congresso e anti-STF realizada neste domingo, 15, em diversas cidades do PaÃs.
Procurado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), também não comentou o assunto.
O Ministério da Saúde fez recomendações na semana passada para que eventos com aglomerações fossem cancelados, adiados ou realizados sem público. Ontem, após pressão do setor de turismo, a pasta recuou e orientou a medida apenas para locais com transmissão local da doença.
Bolsonaro esteve no protesto em BrasÃlia, que ainda não tem transmissão local confirmada. Apesar disso, ele atropelou a cartilha sanitária que o governo prega ao cumprimentar apoiadores e tocar em diversos celulares para fazer selfies. Em alguns momentos, Bolsonaro chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos. A orientação da pasta é evitar ao máximo este tipo de contato e manter as mãos sempre limpas.
Durante a última semana, o ministério evitou se opor a realização de atos pró-Bolsonaro com aglomerações neste domingo. Técnicos da pasta têm dito que cabe bom senso para evitar, por exemplo, ir ao protesto se estiver com suspeita da nova doença.
Fontes médicas e do governo informaram que a recomendação para Bolsonaro, que testou negativo para coronavÃrus, era permanecer em isolamento até a próxima quarta-feira, quando completa o prazo de sete dias de seu último contato com o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, infectado com o coronavÃrus. Além dele, outras seis pessoas que estiveram com Bolsonaro nos Estados Unidos também testaram positivo para a covid-19.
Na semana passada, Bolsonaro chegou a pedir para que as manifestações fossem "repensadas" e talvez adiadas, mas apoiadores seguiram insistido em promover os protestos e iniciaram o movimento nas redes sociais #DesculpeJairMasEuVou.
Presidente da Anvisa acompanha Bolsonaro em ato
O diretor-presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres, acompanhou o presidente Jair Bolsonaro no ato deste domingo.
A presença do diretor da Anvisa na manifestação causou perplexidade em técnicos da área da Saúde do governo. Para eles, a ida de Bolsonaro ao ato acompanhado de Barra tira crédito da campanha de prevenção que vinha sendo feita e confunde a população.
Barra Torres se tornou um conselheiro de Bolsonaro para assuntos de saúde. Apesar de elogiado por ações para conter uma crise sanitária no Brasil, o ministro Mandetta não cai nas graças de Bolsonaro, dizem fontes do governo.
A Anvisa não se manifestou sobre se Bolsonaro contrariou recomendações do órgão e da Saúde para evitar uma epidemia de novo coronavÃrus. Disse apenas que Barra Torres aceitou convite para conversa informal no Palácio do Planalto com Bolsonaro.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.