O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (16/3), que o pronunciamento em rede nacional na semana passada não teve o objetivo de desmobilizar os manifestantes, mas sim “fazer o pessoal repensar”. O chefe do Executivo disse ainda que as críticas que vem sofrendo são parte de uma 'luta pelo poder'. A fala foi dita em entrevista ao Datena, à Rádio Bandeirantes.
“Primeiro, meu pronunciamento em rede nacional na quinta-feira foi para o pessoal repensar. Eu não tenho poder para impedir o povo de fazer nada. Afinal de contas, eu sou escravo da vontade do povo brasileiro", afirma. Bolsonaro disse ainda que não convocou a manifestação e se defendeu das críticas de que teria sido irresponsável por interagir com apoiadores em manifestações, desrespeitando orientação médica para isolamento. “Apertei a mão das pessoas porque era a vontade do povo”.
"Por volta de 11h30 da manhã eu saí para dar uma olhada no que estava acontecendo na rua, numa comitiva minha, e depois fui para a Presidência da República. De dentro da Presidência da República, o povo se avolumou do lado de fora, e eu cheguei e comecei a conversar", apontou. Sobre o coronavírus, o presidente voltou a dizer que ocorre um superdimensionamento em torno da doença.
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Bolsonaro, criticando a presença de autoridades na oca do Ibirapuera. "Agora, eu não vou partir para hipocrisia, como algumas autoridades presentes aqui, teve mais autoridades presentes na oca do Ibirapuera, 1,3 mil pessoas. Ou seja, a elite política pode reunir 1,3 mil pessoas, e eu não posso chegar perto de um povo que foi pacificamente nas ruas sem a minha convocação? Estamos trabalhando aqui para minimizar o máximo possível os efeitos do coronavírus caso venha se alastrar pelo Brasil".
Maia e Alcolumbre
O presidente disse ainda que a luta contra a pandemia do coronavírus no Brasil envolve "luta pelo poder". Ele reclamou dos ataques dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). "Está em jogo uma disputa política por parte desses caras (Maia e Alcolumbre)". "Grande parte da mídia, chefes do Legislativos e alguns governadores estão batendo o tempo todo. Estou há 15 meses calado, apanhando, agora vou falar."
"Não faço demagogia. Não faço populismo. Podemos ter problemas sim por causa do coronavírus, pessoas com deficiência e idosos podem vir a óbito, mas responsabilizar o presidente por tudo isso pelo suposto péssimo exemplo é irresponsabilidade. É luta pelo poder." Bolsonaro também afirmou não se arrepender de, no domingo, 15, ter ido ao encontro de apoiadores em Brasília apesar da orientação de isolamento para refazer teste para o coronavírus. Ele indicou que fará nesta terça-feira (16) os novos exames.
"Eu não vou viver preso dentro lá do Palácio da Alvorada esperando mais cinco dias, com problemas grandes para serem resolvidos no Brasil. Essa é minha posição. Agora, se eu resolvi apertar a mão do povo, desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir às ruas, isso é um direito meu. Afinal de contar, eu vim do povo. Eu venho do povo brasileiro".
E emendou: "Maia me chamou de irresponsável, fez um ataque frontal. Nunca tratei ele dessa maneira. É um jogo. Desgastar, desgastar, desgastar. Tem gente que está em campanha até hoje para 2022 dando pancada em mim o tempo todo. O (ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta esteve em São Paulo com o governador Doria e depois que terminou a entrevista o Doria começa a descer o cacete no governo. A elite política se reuniu em 1,3 mil pessoas na oca do Parque Ibirapuera e eu não posso chegar perto das pessoas na rua".
Nas manifestações de domingo, os principais alvos foram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). "Não fiz movimento nenhum contra o Legislativo ou o Judiciário. Não bota isso na minha conta. O que está em jogo? O Brasil está dando certo porque tudo mudou. Se eu estivesse entregando ministérios, dando dinheiro para a grande mídia, não estaria sendo questionado."
Bolsonaro voltou a descumprir a orientação de ficar em quarentena após ter contato com o secretário Fabio Wajngarten, infectado pelo coronavírus. Ele deixou o Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (16/3), despachando do Palácio do Planalto.
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