Correio Braziliense
postado em 17/03/2020 04:16
O presidente Jair Bolsonaro não participou da reunião por videoconferência com presidentes de países da América do Sul sobre planos para conter o coronavírus. No lugar dele, foi escalado o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Participaram da discussão, ontem, os mandatários Alberto Fernández (Argentina), Martín Vizcarra (Peru), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Sebastián Piñera (Chile), Lenín Moreno (Equador), Ivan Duque (Colômbia) e Jeanine Añez (Bolívia). Argentina, Chile e Colômbia anunciaram o fechamento das fronteiras por 15 dias para combater a Covid-19.
Também ontem, um dia após sair do isolamento e aparecer em público na manifestação pró-governo, Bolsonaro voltou a descumprir a orientação de ficar em quarentena. No entanto, na saída da residência oficial para o Planalto, evitou aperto de mão. Ele voltou a minimizar, porém, a pandemia. Disse que o novo coronavírus “não é tudo isso que dizem” e está sendo “superdimensionado”.
Sobre as manifestações de domingo, Bolsonaro afirmou que não convocou os atos e se defendeu das críticas de que teria sido irresponsável por interagir com apoiadores, desrespeitando orientação médica para isolamento. “Apertei a mão das pessoas porque era a vontade do povo”, ressaltou, em entrevista à Rádio Bandeirantes. “Existe o perigo, mas está havendo um superdimensionamento nessa questão. Nós não podemos parar a economia. E eu tenho de dar o exemplo em todos os momentos. E fui, realmente, apertei a mão de muita gente em frente ao Palácio, aqui na Presidência da República, para demonstrar que estou com o povo.”
Nas manifestações de domingo, os principais alvos foram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). “Não fiz movimento nenhum contra o Legislativo ou o Judiciário. Não bota isso na minha conta. O que está em jogo? O Brasil está dando certo porque tudo mudou. Se eu tivesse entregando ministérios, dando dinheiro para a grande mídia, não estaria sendo questionado”, disparou.
“Defeito”
O chefe do Executivo disse que o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, foi posto contra a “parede” pelo Congresso nas negociações sobre o Orçamento Impositivo. Ramos participou de conversas para envio de projetos de lei que garantem ao parlamento o controle sobre uma fatia de R$ 15 bilhões neste ano. O comandante do Planalto negou que haja um acordo para a aprovação das propostas. De acordo com ele, o problema de Ramos, que conversou com lideranças da Câmara e do Senado a respeito do tema, é ser “bastante inexperiente ainda”.
“Esse é um defeito dele, mas ele aprendeu nessa questão. E você bota na parede, botou Ramos na parede, para conversar projetos para andar lá. Talvez, o Ramos tenha se perdido um pouco pela sua maturidade, inocência e honestidade. Foi só isso que aconteceu. Se você vai negociar com o parlamento, não adianta botar a Madre Tereza de Calcutá. O parlamento, não são todos, mas é uma minoria que quer participar do governo”, emendou.
O presidente, que testou negativo para coronavírus, indicou que fará hoje novo exame. “Eu não vou viver preso dentro do Palácio da Alvorada, esperando mais cinco dias, com problemas grandes para serem resolvidos no Brasil”, ressaltou. “Estou me sentindo muitíssimo bem. Se eu tiver o vírus, vai ser outro procedimento, mas não posso ficar numa neura. Eu tenho que despachar da Presidência. E se o povo aparecer aqui na frente, eu vou lá conversar com o pessoal.”
- Quarentena para o presidente
O PDT protocolou, ontem, ação civil pública com pedido de liminar na Justiça Federal do Distrito Federal para que o presidente Jair Bolsonaro seja colocado compulsoriamente de quarentena para não colocar a população em risco de contaminação pelo novo coronavírus. A ação tramita na 16ª Vara Cível da Justiça Federal do DF. O pedido é para que ele fique impedido de se expor em aglomerações e de incitar manifestações populares nas ruas, sob pena de aplicação de multa a ser arbitrada pela Justiça. - Comitê de monitoramento
O presidente Jair Bolsonaro criou um comitê para supervisão e monitoramento da crise provocada pela pandemia do coronavírus no país, conforme decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União de ontem. A coordenação do grupo ficará a cargo do ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, empossado em fevereiro. O comitê terá um total de 22 membros. Serão 17 ministros, além dos presidentes da Caixa, do Banco do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também haverá uma vaga para a coordenação do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. Caberá ao comitê a articulação da ação governamental e o assessoramento a Bolsonaro sobre os desdobramentos da pandemia.
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