Politica

GSI estuda "cuidados especiais" para evitar aglomeração no Alvorada

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde orientam o distanciamento social como forma de combater a Covid-19

Correio Braziliense
postado em 04/04/2020 07:00
Apoiadores comparecem diariamente ao Alvorada para ver o presidente e ficam muito próximos uns dos outrosO Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou ao Correio, ontem, que estuda medidas para evitar a proliferação de coronavírus entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que se aglomeram em frente ao Palácio da Alvorada diariamente. A pasta, no entanto, não menciona quais estão sendo avaliadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde orientam o distanciamento social como forma de combater a Covid-19.

“É difícil prever o número de pessoas que se reunirão no Alvorada a cada manhã. Não está prevista a suspensão das visitas. A população está exaustivamente alertada sobre medidas de prevenção. De qualquer maneira, essa atividade, que se transformou em rotina, será objeto de cuidados especiais para evitar que facilite a transmissão do vírus”, diz a nota. Questionado sobre quais medidas seriam tomadas, o GSI afirmou que ainda estão “sob análise”. Também não deu previsão para implementação dos “cuidados especiais”.

Desde que Bolsonaro foi eleito, apoiadores se reúnem diariamente na saída do Alvorada na tentativa de vê-lo de perto. Geralmente, o chefe do Executivo os cumprimenta em duas ocasiões no dia: pela manhã e no fim da tarde.

Com a pandemia, Bolsonaro passou a não mais apertar mãos ou tirar selfies e a manter distância da claque. No entanto, nenhuma medida foi tomada para evitar a aglomeração dos simpatizantes que se apertam na grade, uns próximos dos outros.

A infectologista Eliana Bicudo, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), criticou a prática rotineira no Alvorada. “O que está acontecendo ali é totalmente incorreto, fora do que o Ministério da Saúde e as sociedades médicas estão preconizando. Não pode ter contato físico, muito menos aglomeração”, ressaltou. “É necessário que se crie um distanciamento. Para o presidente, percebe-se que não há nenhuma proximidade, mas quanto aos apoiadores está completamente incorreto. Espero que a segurança presidencial ou do DF tome uma atitude para que as pessoas possam continuar indo lá falar com ele, mas se guardando num distanciamento.”

A especialista apelou, ainda, para a conscientização da população: “Se a gente não mudar esse pensamento, os números do DF vão continuar subindo. Todos têm de entender que é um problema coletivo e não individual. O fato de eu adquirir e não adoecer não significa que eu não passei para alguém que possa adoecer. A gente tem de pensar no outro, essa é uma doença coletiva, muito mais coletiva do que individual.” A dificuldade, no entanto, está principalmente no posicionamento do próprio chefe do Executivo, que defende o fim do isolamento, a reabertura do comércio e a volta à normalidade.

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