Politica

Brasília-DF

Correio Braziliense
postado em 05/04/2020 04:15
 
DEM (quase) na oposição
Além do #ForaMandetta nas redes sociais, os bolsonaristas agora voltam suas baterias contra todos os ministros do Democratas dentro do governo. O monitoramento do partido indica que vem sendo tratado de forma hostil desde a semana passada, quando o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, rompeu com o presidente Jair Bolsonaro. Agora, praticamente todos, numa ação coordenada, têm recebido tratamento semelhante ao dispensado aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Estão na mira dos radicais a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. O incômodo é grande, mas, assim como Mandetta, ninguém sairá no meio da guerra ao novo coronavírus.

O estresse...
Reunião virtual da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, deu em bate-boca entre ele e o secretário de Produtividade, Carlos Costa, por causa do congelamento de preços da cesta de medicamentos e insumos farmacêuticos necessários ao combate à Covid-19. Costa levantou a sua preocupação com o fato de a indústria trabalhar com insumos importados, cujos preços subiram no mercado internacional. Guedes não gostou.

… de quem decide
“Se você me enfrentar, você está fora da equipe”, reclamou Guedes, segundo relatos que chegaram aos deputados. O clima ficou pesado. Difícil evitar que uma equipe moldada para a valorização do mercado, como motor da economia, seguir uma cartilha inversa, sem contestações. Congelamento de preços, por exemplo, é quase uma heresia. Porém, Guedes está afinado com o que deseja o presidente.

Déjà vu
O grupo palaciano que não suporta o protagonismo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acredita que, a partir de agosto, o deputado perderá o poder, porque a campanha para sucedê-lo entrará em cena. A ordem entre os bolsonaristas é buscar um candidato para enfrentar o grupo do DEM. Em 2015, Dilma Rousseff tentou fazer o mesmo em relação ao MDB, contra Eduardo Cunha, hoje presidiário. A presidente ganhou um inimigo que lhe custou o mandato.
 
Cálculos equivocados
Os bolsonaristas acreditam que será possível encontrar um candidato para derrotar o DEM ou mesmo Arthur Lyra, do PP. Essa conta não leva em consideração a realidade do governo no Congresso. Hoje, não tem maioria nem para aprovar um simples projeto de lei, quem dirá eleger um presidente da Câmara.
 
Resistências à PEC da guerra
O grupo Muda Senado tem dúvidas sobre a Proposta de Emenda Constitucional que estabeleceu o Orçamento de Guerra. “Não precisaria de emenda constitucional para fazer gasto. É um precedente grave. Se abro a porta para mudar a Constituição por votação remota nesse caso, outros temas podem gerar novas emendas constitucionais, seja contra ou a favor do governo”, alerta o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que pretende conversar com Davi Alcolumbre a respeito.
 
 
Menos, Weintraub, menos/ Foi considerado mais uma trapalhada o post do ministro da Educação, Abraham Weintraub (foto), no Twitter, ironizando o sotaque asiático com menções ao personagem Cebolinha, de Maurício de Sousa. “Como vamos conseguir ajudar na relação com a China com auxiliares do presidente agindo assim? Já não bastou a barbeiragem do ministro Ernesto e (do deputado) Eduardo? Falta de responsabilidade!”, comentou o coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China e da Frente dos Brics, deputado Fausto Pinato (PP-SP).

Pior impossível/ O comentário irônico veio justamente na data em que a China promoveu um dia de luto nacional por causa das mortes pela Covid-19. A postagem de Weintraub foi criticada, inclusive, por apoiadores de Bolsonaro. Alguns classificaram o ministro nas redes como “um grande imbecil”.

A corrida nos municípios/ O sábado foi agitado para os parlamentares, por causa da data-limite para filiação de candidatos às eleições de outubro. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Congresso não decidem o que fazer com a eleição, o jeito é cumprir os prazos.

Muita calma nessa hora/ A resistência em mudar a data da eleição é grande, porque, afinal, as campanhas começam em agosto. E ainda que não se tenha muitos recursos financeiros para esse corpo a corpo com o eleitor, é importante seguir o calendário. Essa história de prorrogar mandatos é considerada perigosa e nada recomendável.


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