Politica

Presidente do BC negocia com senadores a PEC do Orçamento de Guerra

Criada com o objetivo de estabelecer um orçamento específico para o pacote de enfrentamento ao coronavírus, a PEC foi ampliada na Câmara para permitir que o BC atue de forma direta no mercado de crédito privado em momentos como o atual

Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 06:00

A função do BC é explicar por que entendemos que essa medida é importante e tranquilizar o Congresso de que são medidas importantes de ter em momentos de crise, mas que nós não queremos ter sempre. E sempre traçando o paralelo com o que foi feito em outros paísesO presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, está se movimentando para tentar convencer o Senado a aprovar a PEC do Orçamento de Guerra, que passou na Câmara dos Deputados, na última sexta-feira –– estava previsto para ser votada na segunda-feira, porém divergências fizeram com que vá a plenário virtual na próxima semana. Por isso, vai conversar com os senadores hoje para explicar as implicações da proposta no poder de fogo da autoridade monetária nas ações contra a crise provocada pela pandemia.


Criada com o objetivo de estabelecer um orçamento específico para o pacote de enfrentamento ao coronavírus, a PEC foi ampliada na Câmara para permitir que o BC atue de forma direta no mercado de crédito privado em momentos como o atual. A compra direta de títulos, segundo o banco, pode melhorar o mercado de crédito em situações como essa, porém tem resistências no Senado. Os senadores questionam o poder dado pelo texto à autoridade monetária e também a legalidade de se discutir uma PEC remotamente, como têm acontecido as votações nas últimas semanas.


Campos Neto disse, ontem, que vai tentar resolver o suposto empoderamento do banco. “Conversei com os senadores, ontem (terça-feira), e combinei uma videoconferência para amanhã (hoje) para explicar as medidas. A função do BC é explicar por que entendemos que essa medida é importante e tranquilizar o Congresso de que são medidas importantes de ter em momentos de crise, mas que nós não queremos ter sempre. E sempre traçando o paralelo com o que foi feito em outros países”, explicou Campos Neto, ressaltando que a atuação direta no mercado de crédito só será permitida em momentos de crise como o atual. “Não queremos fazer essa medida sempre. Não é o tipo de intervenção que o BC faz. É uma medida de crise”, frisou, em live promovida por um grande banco, ontem.


No evento, ele argumentou que a atuação direta no mercado de crédito tenta fazer com que todas as medidas de injeção de liquidez que foram anunciadas pelo BC, de fato, surtam efeito na ponta. Ou seja, fazer com que todos tenham acesso ao crédito — o que, segundo muitos pequenos empresários, não tem ocorrido.


“Precisamos fazer o dinheiro chegar na ponta. E uma forma de fazer isso é comprar crédito direto no mercado secundário”, afirmou o presidente do BC, destacando que a dificuldade de acesso ao crédito não tem sido um problema exclusivo do Brasil. “O tema é discutido em outros países. A própria Christine Lagarde (presidente do Banco Central Europeu) levantou isso”, relatou Campos Neto, que se reuniu com os presidentes dos BCs mundiais nesta semana.

O presidente do BC admitiu que a economia brasileira pode ter um crescimento negativo neste ano, mas disse que a aprovação das reformas pode acelerar a retomada. Indagado sobre o impacto do coronavírus na economia brasileira, afirmou que ainda é muito difícil quantificar a crise, porque “ninguém sabe muito bem como será a curva (de infecção) brasileira”.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags