Politica

Bolsonaro faz live com lideranças religiosas para celebrar a Páscoa

Presidente destacou que país vive momento difícil, mas voltou a contradizer dados do Ministério da Saúde e disse que a pandemia está passando

Correio Braziliense
postado em 12/04/2020 19:53
Presidente destacou que país vive momento difícil, mas voltou a contradizer dados do Ministério da Saúde e disse que a pandemia está passandoO presidente da República, Jair Bolsonaro, fez uma live com lideranças evangélicas na tarde deste domingo (12/4) para celebrar a Páscoa. No evento, o presidente afirmou que o Brasil é o país mais cristão do mundo, se emocionou ao lembrar da facada que levou de Adélio Bispo em setembro de 2018 e também falou sobre o coronavírus. Disse que é preciso lutar tanto contra o vírus quanto contra o desemprego, mas, diferentemente do que mostram as estatísticas, afirmou que a pandemia estaria passando no país. 

Conforme mostra o balanço epidemiológico do Ministério da Saúde, o número de mortos pelo coronavírus saltou de 1.124 para 1.223 de sábado (11) para domingo, e o número de infectados que fizeram o exame é de 22.169. Diferente do que afirmou o presidente, o país está entrando na curva de aumento do número de contaminações e mortes. 

No começo da live, Bolsonaro destacou que o país vive um momento difícil. "Estamos no país mais cristão do mundo. Vivemos em um momento difícil e sabemos quem pode nos curar. Deus acima de tudo, sempre. Nós aqui na terra temos que fazer a nossa parte. Vou no conhecidíssimo João 8:32. Cada vez mais precisamos de liberdade. Um país precisa ser realmente informado do que está acontecendo e não através do pânico, mas de mensagens de paz e conforto", disse.

Bolsonaro pediu para ser o último a falar, mas destacou que recebeu mensagens celebrando a data. "Hoje, um pastor mandou um vídeo para mim e disse que era o mais importante que ele me mandava no corrente ano, e falava sobre a Páscoa. Ele gravou em Israel, dizendo que o túmulo de Jesus estava vazio, pois ele ressuscitou e foi aos céus. Nós, aqui na Terra, o que mais queremos é, quando chegar ao nosso dia, estarmos ao lado de deus. Sabemos que todos, sem exceção, somos iguais e devemos praticar o bem para que possamos sonhar com o que nós queremos", afirmou.

Facada

Diversos líderes religiosos, em sua maioria evangélicos, falaram na live. Quando chegou a vez de Bolsonaro, ele recordou da tentativa de homicídio que sofreu durante as eleições de 2018. "Queria falar alguma coisa. Eu não morri. Mas estive no limite da morte", disse. Em seguida, se calou por alguns segundos antes de completar a frase com "naquele dia 6 de setembro de 2018". "Os últimos momentos que tive noção do que estava acontecendo, eu estava no centro cirúrgico da Santa Casa de Juiz de Fora. E via muita gente de branco do meu lado. As últimas palavras que eu ouvi foi vamos abri-lo”, recordou. 

“No dia 7 de setembro, acordei e estava sendo colocado dentro de um avião UTI. Tinha uma pessoa de 60 anos que não tinha menor ideia de quem fosse. Depois soube que era um médico famoso, doutor Macedo. Por Deus, pelas mãos dos médicos de juiz de fora e do Hospital Albert Einstein, eu fui salvo. Bem como pela oração de milhares de pessoas. Todos temos uma história na Terra”, lembrou. 

Bolsonaro também afirmou que sua eleição foi um "milagre". "Vejo alguns que já foram políticos. Estou vendo o (bispo) Rodovalho. Essas pessoas sabem como é a política no Brasil, como se alimentou ao longo de décadas. E o perfil para chegar a presidência não era o meu. Eu sequer tinha um partido até março de 2018. E esse milagre aconteceu. Mesmo sem sair do hospital, e da minha casa, onde evangélicos, católicos e outras denominações me visitaram", disse, voltando ao tema da facada. 

"E aconteceu uma eleição. Comecei a trabalhar quatro anos antes, sozinho, andando pelo Brasil. Tive passagens que merecem um filme. Como minha passagem por Manacapuru (AM), chegando sozinho em uma cidade em que mais de 200 pessoas me esperavam no porto. O João 8:32 me fez chegar à vitória. Sempre levando a verdade. Nunca me dirigi para falar o que o povo queria ouvir, mas o que o povo tinha que escutar”, afirmou.

Tom de campanha

Depois, Bolsonaro afirmou que luta pelos valores da família tradicional e contra o desgaste das instituições militares, e que foi eleito para mudar “muita coisa”. Foi o momento que assumiu o tom mais eleitoreiro. “Desculpe-me se estou errado. posso reformular o que vou falar. Entendo que tem algo muito importante que a própria vida. É a nossa liberdade. Estávamos caminhando para ser uma Venezuela. Como temos um grande perigo pela frente, que estamos nos preparamos para nos afastar dele. Não podemos colocar o destino do nosso país sobre dúvida de que a liberdade será mantida a qualquer preço”, afirmou.

"Eu tenho a obrigação, o dever, a consciência, de que tenho que se preocupar com isso. Mesmo sabendo que tem contra nós uma enorme parte da mídia. Autoridades que trabalham para fazer do país um país cada vez pior, que só dessa maneira podem novamente ascender ao poder. Essa responsabilidade é muito grande. O peso é enorme. Na minha família, todo mundo já sofreu alguma coisa. Até quem está do meu lado. Mas sabemos temos a certeza que todo esse esforço é compensador. Estamos buscando fazer o melhor.  E tenho certeza que venceremos", completou.

Foi nesse momento, já no fim, que o presidente, mais uma vez, contrariou o que vem divulgando o Ministério da Saúde. "Eu tenho dito desde o começo. Temos dois problemas pela frente. O vírus e o desemprego. Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus, mas está chegando e batendo forte o desemprego. Devemos lutar contra essas duas coisas. E sempre lutamos acreditando em Deus acima de tudo. Vamos vencer esses obstáculos. Não será fácil, mas vamos chegar lá. Muito obrigado a todos vocês. Uma feliz Páscoa e que nós, cada vez mais, nos entreguemos nas mãos dos nossos criador”, encerrou o presidente.
 
 

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