Politica

Vetado mapeamento para aglomeração

Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 04:03
Pontes disse que dados dos mapas de calor podem ser usados pelos estados, apesar de vetados pelo Planalto



No fim de março, as operadoras de telecomunicações ofereceram ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) um mapa de calor para mostrar a geolocalização da população. O intuito era identificar aglomerações e situações de risco de contaminação pelo novo coronavírus. No entanto, Jair Bolsonaro, que na ocasião havia determinado prudência no compartilhamento de dados, agora vetou o uso das informações.

O ministro Marcos Pontes chegou a gravar um vídeo anunciando a implantação do sistema nesta semana. No sábado, porém, o presidente ligou para Pontes mandando suspender tudo. Alegou que há riscos para a privacidade do cidadão e que a Presidência da República precisa estudar melhor o tema, apesar de um parecer da Advocacia Geral da União (AGU) aprovar o uso da ferramenta proposta pelas teles, solução semelhante à que foi adotada pela Coreia do Sul, um dos países com menores taxas de mortalidade pela Covid-19.

Em seu Instagram, o ministro explicou que a pasta coordena a Rede Conectada MCTIC, composta por especialistas e empresas de telecomunicações, radiodifusão e TI para a busca de soluções no combate à Covid-19. “Na sexta feira, dia 27/03, tivemos a oferta de operadoras para o uso de gráficos de mapa de calor compilados de dados celulares anônimos e coletivos para avaliação de isolamento e previsão de propagação da epidemia, conforme já tem sido feito por outros países”, escreveu.

O ministro ressaltou, no entanto, que os estados têm autonomia e podem ter acordos diretos com as operadoras.

Privacidade
Especialistas observam que São Paulo está utilizando a ferramenta, e com sucesso. “Bastava o documento ser assinado pelo MCTIC. O serviço é fornecido de graça pelas teles, colocados numa nuvem e disponibilizados com um dia de atraso”, explicou uma fonte ligada ao setor.

Outro especialista garantiu que a ferramenta tem risco zero de invasão de privacidade, porque não tem como identificar o usuário, apenas mostra que muitos estão no mesmo local. Os dados vão para uma nuvem e a chave só pode ser usada em acordo de cooperação mediante termo de adesão. Há interesse de Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. “Mas seria muito mais fácil, com ganho de escala, se fosse utilizada pelo governo federal.”

Em nota, o Sinditelebrasil, que reúne as operadoras, informou que os dados que estarão nos “mapas de calor”, disponibilizados sob demanda para os governos federal e estaduais durante o período de calamidade pública, visam exclusivamente o combate à Covid-19 e seguem estritamente a legislação aplicável, inclusive a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que ainda não está em vigor. “Serão dados estatísticos e organizados de forma agregada e anônima. Em nenhum momento serão coletados dados de celulares nem serão gerados dados individuais. Não se identificam pessoas, mas a quantidade de linhas por antena”, explicou.


“Serão dados estatísticos e organizados de forma agregada e anônima. Em nenhum momento serão coletados dados de celulares nem serão gerados dados individuais. Não se identificam pessoas, mas a quantidade de linhas por antena”  
Trecho da nota do Sinditelebrasil, que reúne as operadoras de telefonia móvel



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