Correio Braziliense
postado em 16/04/2020 08:22
A crise do coronavírus não impediu que a comissão de frente do bolsonarismo nas redes sociais montasse um cronograma de celebrações para o segundo semestre. Nenhuma das datas ali citadas, porém, tem vínculo com qualquer previsão para o fim da pandemia. A "folhinha bolsonarista" compartilhada em grupos de WhatsApp por integrantes da ala ideológica do governo traz três efemérides para 2020.No calendário de "datas comemorativas", seguidores do escritor Olavo de Carvalho citam o último dia de mandato do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, em 30 de setembro, e a aposentadoria compulsória do decano da Corte, Celso de Mello, que completa 75 anos em 1.º de novembro.
Além disso, no afã de ver mudança no comando do Congresso, o grupo errou a data de término da gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara e de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à frente do Senado ao mencionar o terceiro dia memorável de 2020. A presidência de Maia termina no fim de janeiro de 2021, assim como a de Alcolumbre. Mas, para o almanaque do bolsonarismo, o "último dia de mandato presidencial" dos dois é 31 de dezembro.
Nas mídias digitais, Maia apanha dia e noite de bolsonaristas. Também atacado pelo líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), o presidente da Câmara se queixou da forma como tem sido tratado pelo Planalto. "Você entra por uma porta e, quando sai, leva um coice." Maia ainda criticou a postura do governo em relação à China. "Não entendo como o governo brasileiro, nesse momento de crise, desqualifica a China."
Gabinete do ódio
Para o chamado "gabinete do ódio", capitaneado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o coronavírus foi "plantado" pelos chineses para causar pânico nos mercados globais e fortalecer a economia do país asiático. O próprio presidente Jair Bolsonaro tem essa teoria, externada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.Saiba Mais
Com Celso de Mello foram muitos os embates, mas basta lembrar o sucinto comentário feito pelo magistrado quando o jornal O Estado de S. Paulo revelou, em fevereiro, que Bolsonaro havia compartilhado vídeo convocando atos contra o Congresso e o Supremo. À época, o decano disse que Bolsonaro demonstrava hostilidade aos demais Poderes da República e uma visão indigna de quem não está "à altura do cargo". Precisa mais?
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