Politica

Coronavírus: Situação de Manaus faz prefeito chorar e cobrar Bolsonaro

Segundo Arthur Virgílio Neto, 36,5% das pessoas mortas pela Covid-19 não tiveram atendimento médico por falta de leitos

Correio Braziliense
postado em 21/04/2020 19:23
Arthur Virgílio, prefeito de ManausO percentual de pacientes que morrem por Covid-19 sem conseguir internação em Manaus cresceu de 17% para 36,5% em apenas um dia. A informação é do prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM). "Está se caracterizando um certo colapso das possibilidades de atender", admitiu nas redes sociais, atualizando que o número de sepultamentos mais que triplicou em meio à pandemia.

"Nosso estado não é mais de emergência, é de calamidade mesmo. É o caso mais preocupante desse país no que se relaciona ao novo coronavírus", acrescentou. A situação na cidade é considerada a mais grave do país, segundo o último relatório do Ministério da Saúde.

De acordo com Virgílio Neto, em períodos sazonais de gripe, o principal cemitério da cidade tem demanda diária entre 20 e 35 enterros. "Um dia bateu em 66, depois 88, ontem, 121. Hoje foram 106", afirmou. Com o aumento, o sistema funerário está sobrecarregado e, para lidar com a situação, foi criado um comitê de crise para óbitos.

 
Apelo a Mourão e choro 

Na segunda-feira (20/4), o prefeito apelou para o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, com quem se reuniu. "Disse tudo o que eu tinha a dizer de desabafo, de críticas, análises de personagens do governo, sobre esse abandono do Amazonas e que tem se agravado a cada minuto", disse ao sair da reunião. "Vim para essa reunião dizer minhas verdades e não podemos mais esperar planejamentos para daqui a 15 dias e ficarmos vendo as pessoas morrerem”, completou.
 
Após o desabafo de Virgílio, Bolsonaro foi perguntado por jornalistas qual seria um número aceitável de mortos pela doença no Brasil. Bolsonaro disse que não responderia porque não é "coveiro". A Folha de S. Paulo, então, perguntou o prefeito de Manaus sobre a declaração do presidente. Ao responder ao jornal, Virgílio chorou. 

"Queria dizer para ele que tenho muitos coveiros adoecidos. Alguns em estado grave. Tenho muito respeito pelos coveiros. Não sei se ele serviria para ser coveiro. Talvez não servisse. Tomara que ele assuma as funções de verdadeiro presidente da República. Uma delas é respeitar os coveiros", disse, chorando, segundo o jornal.

Entre os pedidos de urgência feitos pelo prefeito, estavam a disponibilização de 15 aparelhos de tomografia e fornecimento de medicamentos como hidroxicloroquina, tamiflu, azitromicina e outros. Na lista também constavam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), sendo máscaras N95, máscara cirúrgica e tyvec (EPI para os profissionais do SAMU). Também foram solicitados testes rápidos para Covid-19, equipamentos e material para o hospital de campanha, sendo respiradores, conexões e válvulas.

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