Politica

Negociação com partidos envolve oferta de Ministério

O presidente se reuniu nas últimas semanas com lideranças do PL, PP, Republicanos e PSD

Correio Braziliense
postado em 22/04/2020 16:55
O presidente se reuniu nas últimas semanas com lideranças do PL, PP, Republicanos e PSDUma possível reforma ministerial está no radar do presidente Jair Bolsonaro na tentativa de montar uma base parlamentar de apoio ao governo. No momento em que a discussão das reformas ficou em segundo plano, atropelada pela pandemia do novo coronavírus, o chefe do Executivo  aprofunda a oferta de cargos aos partidos, na intenção salvar o próprio mandato e de isolar o principal desafeto no Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). 

Depois de conversar com líderes do chamado centrão, Bolsonaro recebe, nesta quarta-feira (22/04), o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e, nesta quinta-feira (23/04),  o do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador (BA).

O presidente se reuniu nas últimas semanas com lideranças do PL, PP, Republicanos e PSD. Ele prometeu ao PP, por exemplo, uma das vice-presidências da Caixa e o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento para Educação (FNDE), órgão do Ministério da Educação.

Mas as articulações envolvem também o primeiro escalão do governo. Uma das hipóteses em discussão é a possível recriação do Ministério do Trabalho e a oferta da pasta ao PTB, presidido pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ).

Jefferson, quando era líder do partido na Câmara, tinha entre os liderados o então deputado Jair Bolsonaro, e os dois construíram uma relação de amizade. 

O presidente do PTB foi cassado pela Câmara, condenado e preso no processo do mensalão, mas teve a pena reduzida por deletar o esquema, em colaboração premiada. 

Em meio à crise com o Congresso, Bolsonaro voltou a se aproximar de Jefferson, que tem denunciado a suposta articulação de um golpe parlamentarista contra o governo. Uma manobra, segundo ele, coordenada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e com a participação de Maia, dos governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSD), além de um batalhão de desafetos do capitão reformado.

O PTB era o partido do ex-presidente Getúlio Vargas, criador do Ministério do Trabalho. Durante os governos que apoiou, a legenda sempre controlou a pasta, e chegou a ter o nome ligado a casos de corrupção.

Em dezembro de 2018, por exemplo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou a cúpula do PTB no âmbito da Operação Registro Espúrio, que investigava um esquema de corrupção na concessão de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho. Além do ex-deputado Roberto Jefferson e de sua filha, a ex-deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), foram denunciados o ex-ministro Helton Yomura e vários parlamentares.

O presidente Bolsonaro, em um momento de profundo isolamento político, vê a negociação de cargos com partidos como uma das saídas à vista, um ano e meio depois de se eleger com a  bandeira de combate à "velha política do toma lá, da cá". Os primeiros passos nesse sentido foram dados no ano passado, quando o Planalto liberou bilhões em emendas parlamentares para conseguir votar a reforma da Previdência.

Saiba Mais

Para o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), a aproximação do presidente da República com os partidos é importante para restabelecer o diálogo entre as instituições em um momento de grave crise.

"Agora é o momento de quebrar o retrovisor, de olharmos para a frente, mirarmos o futuro. O Brasil precisa de uma agenda mínima nacional, e devemos pensar o país como um país só", disse o líder, que se disse otimista com a reunião entre Bolsonaro e o presidente do DEM, ACM Neto. Ele acredita que seja um gesto do chefe do Executivo para distensionar a relação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

"O país está enfrentando várias crises ao mesmo tempo, principalmente uma crise de saúde pública. Então uma nova crise seria muito ruim para o governo, ruim para o Congresso, para todos os brasileiros", disse Efraim Filho.

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