Politica

Pandemia deixa de lado a "nova política"

Correio Braziliense
postado em 23/04/2020 04:03
Defensor de uma “nova política” durante a campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro se viu obrigado a recorrer à conhecida prática do toma-lá-dá-cá na tentativa de construir uma base aliada no Congresso. Em meio à crise da pandemia, o chefe do Executivo negocia cargos aos partidos, na intenção de enfraquecer o principal desafeto no Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Depois de conversar com líderes do chamado centrão, Bolsonaro recebeu, ontem, o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), e, hoje, o do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador (BA).

Ao menos oficialmente, os parlamentares que conversaram com Bolsonaro negam qualquer tipo de oferecimento de cargos no governo federal ao MDB. O senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder da maioria no Senado, frisou que o presidente não conversou sobre o assunto com a legenda, mas de toda forma, ele garantiu que o partido “não solicita, não reivindica e não indica nomes para cargos no governo”. De acordo com o senador, o encontro no Palácio do Planalto foi uma tentativa de “pacificação para enfrentar o coronavírus”. “Nós estamos tentando fazer um esforço de união para que a gente possa enfrentar esse coronavírus. Seja os efeitos dele na economia ou na área social. Queremos fazer com que o país possa se reestruturar para vencer esse desafio”, comentou Braga.

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), afirmou que Bolsonaro pediu o apoio do partido para a implementação de uma “agenda pós-pandemia” do novo coronavírus. Segundo Rossi, o presidente disse que gostaria de “contar com o apoio do MDB nessas questões que são importantes para o enfrentamento da pandemia e, depois, para uma agenda pós-pandemia de recuperação da economia. Está todo mundo preocupado”. Ao menos oficialmente, os parlamentares negaram qualquer tipo de oferecimento de cargos no governo federal ao MDB. “O MDB não tem nenhuma intenção de indicar qualquer cargo no governo. Esse tema não deve nem circular neste momento, porque estamos no meio de uma pandemia”, afirmou Baleia.

Para o líder do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), a aproximação do presidente da República com os partidos é importante para restabelecer o diálogo entre as instituições em um momento de grave crise. “Agora, é o momento de quebrar o retrovisor, de olharmos para a frente, mirarmos o futuro. O Brasil precisa de uma agenda mínima nacional, e devemos pensar o país como um país só”, disse o líder, que se disse otimista com a reunião entre Bolsonaro e o presidente do DEM, ACM Neto.

 O presidente também se reuniu nas últimas semanas com lideranças do PL, PP, Republicanos e PSD. Ele prometeu ao PP, por exemplo, uma das vice-presidências da Caixa e o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento para Educação (FNDE), órgão do Ministério da Educação. Mas as articulações envolvem também o primeiro escalão do governo. Uma das hipóteses em discussão é a possível recriação do Ministério do Trabalho e a oferta da pasta ao PTB, presidido pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ). 

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