Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 16:05
O advogado Flávio Henrique Costa Pereira, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, afirmou que as declarações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em entrevista coletiva à imprensa, configuram crime de responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Em termos jurÃdicos, os fatos, comprovados, são contundentes e configuram crime de responsabilidade a ensejar o impeachment do presidente. Quando elaborei, juntamente com JanaÃna Paschoal e Miguel Reale Junior, o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, os fatos eram, de longe, muito menos graves do que esses", diz.
Flávio Henrique Costa Pereira subscreveu a denúncia apresentada pelos advogados Miguel Reale Jr, JanaÃna Paschoal e Hélio Bicudo, que pediu a saÃda de Dilma e perda dos direitos polÃticos por oito anos por crime de responsabilidade, ao continuar com a prática das chamadas "pedaladas fiscais" em 2015.
Segundo Costa, a "principal diferença dos fatos narrados pelo ex-Ministro Sérgio Moro e os crimes de responsabilidade praticados pela ex-Presidente Dilma Rousseff está no dolo da conduta". "Dilma tinha como objetivo encontrar espaço para investir mais recursos públicos, enquanto Bolsonaro, ao que se indica, controlar um órgão de Estado em benefÃcio próprio. Embora ambas as condutas sejam graves, a conduta criminosa revela objetivos mais Ãmprobos por parte do Presidente Jair Bolsonaro. As consequências econômicas para o PaÃs, sentidas até hoje, revelam o quão grave também foram as ações da ex-Presidente".
"O Presidente da República, pelo que foi declarado pelo ex-Ministro da Justiça, praticou ato que atenta conta a dignidade do cargo ao demitir o Diretor-Geral da PolÃcia Federal com o objetivo de fazer uso de um órgão do Estado para atender interesses próprios e interferir em investigações que estão sendo realizadas por um outro Poder. Assim, há crime de responsabilidade que atenta contra a probidade da administração pública", afirma.
"A época dos fatos prestava serviços jurÃdicos em BrasÃlia e assessorei o Deputado Carlos Sampaio, do PSDB, na construção do processo de impeachment", relata Flávio Henrique Costa Pereira, sócio coordenador de Departamento de Direito PolÃtico Eleitoral do BNZ Advogados.
Ao fim do julgamento, no Senado, Dilma perdeu o cargo, mas não teve os direitos polÃticos cassados.
Ao anunciar a saÃda do cargo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, acusou nesta sexta-feira (24) o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da PolÃcia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. "O presidente me quer fora do cargo", disse Moro, ao deixar claro que a saÃda foi motivada por decisão de Bolsonaro.
Moro falou com a imprensa após Bolsonaro formalizar o desligamento de MaurÃcio Valeixo do cargo de diretor-geral da PolÃcia Federal - o ministro frisou que não assinou a exoneração do colega. Segundo Moro, embora o documento de exoneração conste que Valeixo saiu do cargo "a pedido", o diretor-geral não queria deixar o cargo. O próprio Moro, que aparece assinando a exoneração, afirmou que foi pego de surpresa pelo ato e negou que o tenha assinado.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.